“Amour” sabe melhor à segunda – Maria João Costa

Dizem que é incondicional, obstinado, duradouro, e necessário, quando é verdadeiro. O amor nunca é questionado, quando nasce de uma manifestação ingénua e sincera. E não, não há data de validade para esse amor, é das maiores profissões da vida, sem idade para reforma.

Quando um casal de octogenários que leva uma existência tranquila, nada parece alterar ou abalar as suas vias, até que a mulher sofre um acidente vascular-cerebral. A ingenuidade dá lugar a uma cumplicidade eterna, e aqui o “para sempre” existe.
O que também existiu, foi mais um prémio para a austríaca Michael Haneke, que recebeu globo de ouro para melhor filme estrangeiro.

Depois de uma Palma de Ouro, também foram anunciadas cinco nomeações para os óscares, incluindo Melhor Filme, Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Realizador, Melhor Argumento Original e Melhor Actriz.


E por escrever sobre amor e melhor atriz, é de realçar o amor que se sente pela nossa pátria, o que resta dele, e enaltecer Rita Blanco, atriz portuguesa, que também participa na corrida aos óscares, dentro do Amour que tem pela sua profissão. A atriz, de 49 anos, foi convidada pelo realizador a participar no filme. Aparece em três cenas onde interpreta uma porteira do edifício onde habita o casal que é o centro da história.

Haneke teve amor suficiente pelo seu país, e respeito pelos que trabalham no mundo cinema, e decidiu retirar o filme das nomeações aos prémios de cinema austríaco, alegando que foi rodado em língua francesa e carece de um certificado de origem austríaca. O realizador pretende assim abrir caminho a outros cineastas austríacos, para que eles possam ter oportunidade de brilhar, como o Amor brilha nas passadeiras vermelhas do mundo.

Crónica de Maria João Costa
Oh não, já é segunda feira outra vez!