Àquilo que pensamos ter – Maria João Costa

Decidi deixar os motores de busca da internet e as grandes enciclopédias para outro dia, e perguntei ao homem “o que é a liberdade? O que é a igualdade?”.
Não ouvi citações de grandes filósofos, juristas, ou até mesmo de um dos grandes presidentes que mudaram o mundo, não. Ouvi apenas citações de cidadãos comuns que se encontram todos os dias, à mesma hora, na mesma padaria, com o mesmo saco do pão.

Diziam eles que igualdade é sinónimo de respeito, é ajuda, é deixar comer o “preto”, no lugar do “branco”, é dizer sim a “mim” e a “ti”, é um dever.
Um dever? Não, deveria ser um acto inconsciente, voluntário, que não pedisse “obrigado”, nem “por favor”, seria apenas um “olá”.
Definiram liberdade quase como um pedido para um regime anárquico, onde querer seria sinónimo de fazer e fazer de vencer.
Seria um caos, e vencer passaria a ser sinonimo de não à igualdade.

Hoje em dia, todos os dias, se discute em mais uma conversa informal, em mais uma Assembleia se há igualdade nas decisões que se tomam todos os dias. E há quem lute, há quem levante o braço e diga que hoje “hoje, isso não existe”.

Quando exercemos o dever cívico do voto, elegemos alguém que consideramos suficientemente capacitado para decidir por nós, para ser nosso advogado, alguém que defende a nossa igualdade, a nossa liberdade, alguém que nos respeita, e no entanto ainda dizemos “hoje, isso não existe!”.
Pode-se chamar PSD, PS, CDS, ou até mesmo PCP, que todos os dias diz lutar pela igualdade, mas ainda nenhum deles conseguiu ser citado pelo senhor que todos os dias, à mesma hora, na mesma padaria, aparece o mesmo saco do pão.



Crónica de Maria João Costa
Oh não, já é segunda feira outra vez!