Desde o inicio dos tempos que se valoriza quem trabalha. Quando não havia moeda era com bens físicos e assim em diante. Hoje em dia chamamos a isso remuneração. Os profissionais, são aqueles que recebem por exercer uma profissão. Assim passou a ser a arbitragem portuguesa desde Novembro, pelo menos, para nove árbitros. O que resultou desde aí? Uma arbitragem isenta e com muito menos erros? Uma maior aptidão para liderarem um jogo? Nada disso. Os erros são os mesmos só que agora valem 2500€ por mês, mais prémios.
Normalmente as mudanças devem servir para melhorar o que já existe, o que já está estatuído. No entanto, Vítor Pereira e a sua equipa não corroboram da mesma opinião. A decisão de começar com uma semi-profissionalização dos “senhores do apito” foi um tiro no escuro que acabou por atingir a opinião pública e o dirigismo desportivo no coração. A arbitragem está mais que nunca no centro da ordem do dia.
Todos sabemos que a arbitragem sempre foi um ponto negativo no futebol português. Tanto por servirem de bode expiatório às equipas grandes, como por prejudicarem o jogo em si e levarem tudo para um patamar negro. Os árbitros e a corrupção que envolve o meio são um ponto em foco do nosso futebol. Não deveria ser assim. Os, agora, protagonistas das conversas de café, de debates semanais ou de capas da imprensa desportiva, deviam ser apenas um complemento ao jogo, nunca os actores principais. Deviam ser parte integrante do espetáculo e não a sua atracção principal.
A ideia de se diminuir os erros, de fazer com que os árbitros se compromentam mais com a sua, agora, profissão, caíu no cano. Jornada após jornada os erros multiplicam-se, as prestações da equipa, dos jogadores, ou mesmo dos próprios treinadores acabam por cair no esquecimento, uma vez que, tudo gira à volta dos erros da equipa de arbitragem. Seja o “bandeirinha”, o quarto árbitro ou o observador, todos são alvos de críticas, ameaças e destaque. Apesar de se entrar no excesso, como é com o caso das ameaças de morte e do vandalismo, muitas das críticas feitas, são correctas. Os senhores de preto – ou de amarelo, de vermelho, de laranja – não podem tomar conta do jogo e inverte-lo a seu gosto.
A profissionalização dos árbitros (ou semi, se preferirem) nada tem trazido de bom ao nosso país, muito menos ao nosso futebol. Agora paga-se mais e os erros são os mesmos, se não forem mais. A ideia de um futebol limpo é cada vez mais remota, os clubes continuarão a ter nos árbitros a melhor forma de justificar uma derrota ou um diferente posicionamento na tabela, o pior, é que, muitas vezes, têm razão. Por muito que os grandes se insurjam, quem no fim sofre mais, são os pequenos. É tempo de passar a arbitragem para segundo plano, um plano afastado da ribalta e da influência directa nos resultados. O futebol precisa de mais espetáculo e menos polémica.
É verdade que já não é de agora que existem erros graves (propositados ou não) no futebol. Mas também é verdade que já à muitos anos que não se via uma época tão espectacular como a da presente temporada. E não digo isto só por o meu clube estar em primeiro e com uma vantagem significativa de pontos em relação aos eternos clubes rivais e concorrentes ao título.
Digo isto não só porque à bastante tempo que não via os três grandes de Portugal na luta pelo título, como também pelo facto de na presente temporada todas estas equipas terem sido igualmente beneficiadas em alguns casos e prejudicadas noutros. Um feito que nunca presenciei.
Apesar de respeitar a sua opinião, não posso dizer concordo com ela. Especialmente quando não percebi o porquê da publicação da mesma nesta altura.
É certo que na semana passada, o Sporting ficou mal na fotografia por ter vencido o Porto com um golo em fora-de-jogo, depois de dias antes ter criticado fortemente as decisões dos árbitros na presente temporada. No entanto, se os mesmos nunca tivessem feito aquele “circo” todo e se o jogo não tivesse a importância que tinha para o campeonato – devido ao historial de ambos os clubes e das posições que ocupavam na tabela classificativa – aquele lance do golo ficaria apenas recordado como uma má decisão do árbitro e talvez não como a principal novela desta temporada. De facto, o lance que deu no golo provém de um fora-de-jogo, mas também não é nenhum fora-de-jogo descarado como os muitos que já vi em outros jogos que aos quais os golos foram validados.
Se fossemos a ser rigorosos, então também o Porto devia de ser penalizado na Taça da Liga com o seu afastamento da competição por falta de comparência à hora marcada no jogo contra o Marítimo, em vez de ser multado com a anedótica quantia de 383 euros – um valor inferior ao do salário mínimo nacional. Também o Benfica – que apesar de juntamente com o Estoril, ser uma das equipas que melhor tem jogado neste campeonato – teve uma ou outra ocasião em que foi beneficiado depois de os seus jogadores terem conseguido simular faltas na grande área dos adversários.
Voltando ao motivo que me levou a comentar esta sua opinião, considero que o seu “timing” para a publicação não foi o mais indicado.
Já todos sabemos que a falta de ética e de profissionalismo dos árbitros não é de agora; Já toda a gente ouviu as gravações do caso “Apito Dourado” e viu que, como sempre, também existe igualmente muita falta de profissionalismo em outras áreas de autoridade; Já toda a gente reparou que as maiores multas ou penalizações só são válidas para clubes que todos os meses andam a fazer contas para verem se conseguem pagar aos seus jogadores.
Portanto, não considero que este pequeno (e talvez insignificante) episódio – maioritariamente publicitado pela comunicação social para vender jornais – sirva de motivo para mais uma vez, se falar mal dos árbitros.
Todos os anos, o campeonato têm os seus episódios de golos em fora-de-jogo, as suas grandes penalidades “cavadas”, as trocas de insultos entre presidentes, etc. Mas, como disse no inicio, é a primeira vez que vejo uma época em que os três grandes tiveram igualmente momentos em que saíram beneficiados e outros em que saíram prejudicados.
Tudo o que disse faria sentido se eu não tivesse escrito a crónica antes do fim do Sporting vs Porto. Aí sim, teria toda a razão para criticar. O jogo nada me interessou. A crónica foi enviada antes do fim do jogo e do golo em fora-de-jogo que marcou a polémica, logo, nada do que disse é válido. Só o facto de não concordar com a minha opinião, isso é totalmente válido e aceitável!
Espero que continue a ler, obrigado!
Eu continuo a achar que o meu argumento é válido, uma vez que usei aquele jogo como um dos exemplos. Mas se continua a achar que a minha opinião não faz sentido, então vou usar outro exemplo que decorreu na jornada anterior, à desse encontro, altura que julgo que ainda nem sequer tinha começado a escrever a sua crónica.
O Vitória de Setúbal x Sporting é talvez o melhor jogo que actualmente me recordo, para dar exemplificar como esta temporada a arbitragem tem sido uma faca de dois gumes para os três grandes.
Se bem se recorda, nesse jogo, o Sporting viu aos 30 minutos um golo ser mal anulado ao Slimani. Logo três minutos a seguir, o Sporting finalmente chega à vantagem no marcador, com o que é para mim, um golo “fantasma” de Slimani.
No segundo-tempo, o Setúbal iguala, e bem, a partida com um golo em que nada tenho a apontar. Aos 85 minutos de jogo, o Sporting volta para a frente do marcador, através da marcação de uma grande penalidade, em que a falta que a originou deixa muitas dúvida.
Imediatamente a seguir, também o Vitória de Setúbal teve direito a marcar uma grande penalidade, quando a falta na grande área do Sporting é totalmente inexistente.
Portanto, como vê, os erros de arbitragem desse jogo foram muitos. No entanto, ambas as equipas em campo foram beneficiadas por duas vezes e prejudicadas em outras duas.
Se a liga tivesse uns melhores árbitros – ou se, tal como em outras modalidades) houvesse um árbitro exterior a visualizar os lances num ecrã e comunicar ao árbitro principal (no futebol até podia ser o quarto-árbitro) – era capaz de a divisão de pontos ser igual à com que o jogo terminou, no entanto o resultado ficaria em 1-1.
O que quero dizer – e que já tinha dito no meu comentário anterior, mas que talvez não tenha conseguido fazer passar a mensagem – é que apesar das arbitragens continuarem aquém das expectativas, e em talvez num jogo ou outro haver uma equipa que sai prejudicada; Pelo menos, as arbitragens já não são as mesmas, como as dos últimos 30 anos, em que, só havia uma equipa beneficiada e em que os restantes jogos da jornada terminavam sempre com um resultado benéfico para essa equipa. Em que, essa mesma equipa, feitas as contas no final do campeonato, tinha quase a média de um penalti a favor por jogo. E só não era brindado com esse presente, quando através da sua própria exibição, conseguiam chegar a uma tranquila vantagem ainda no primeiro tempo de jogo.
Portanto volto a frisar, apesar das má decisões das equipas de arbitragem, que muitas vezes fazem com que se tornem o centro das atenções de vários jogos; Ao menos todas equipas são igualmente beneficiadas e prejudicadas. Não é como nos últimos 30 anos, em que o campeão estava logo decidido, ainda antes do início de cada campeonato.
Assim sendo, com arbitragens destas, só um pequeno grupo é que se pode queixar.
” Ao menos todas equipas são igualmente beneficiadas e prejudicadas. ”
Desculpe dizer, mas esta frase é mesmo de quem apoia um dos três grandes. Se, porventura, apoiasse uma equipa que não um dos três estarolas, veria que a frase que proferiu não passa de uma inverdade. É completamente falso o que disse. Os árbitros também podem errar, mas por culpa dos seus erros, muitas equipas descem de divisão, falham a Europa, ou simplesmente falham objectivos de época e como consequência, perdem milhares.
É isto a arbitragem em Portugal, só que com a diferença de que agora recebem 2500€ mais prémios no fim do mês. Por mim siga a marinha e a desculpabilização de quem erra. Assim vai o país e o futebol português.
As equipas mais pequenas são, muitas vezes, indirectamente beneficiadas nos jogos contra os grandes, quando os grandes são prejudicados. De resto, em jogos entre equipas pequenas, não é muito normal verem-se escândalos. Mais não digo que, numa situação ou outra não podem ocorrer.
Também não acredito que as equipas de descem de divisão é por serem constantemente prejudicadas. É mais por serem as equipas que estão a fazer o pior desempenho da liga, ou também, em determinadas ocasiões, por terem ordenados mais que atraso, fazendo com que os seus jogadores nem se esforcem em campo ou que pelas regras do torneio, não têm condições para continuar a participar nas divisões profissionais.
Para terminar numa posição que dê lugar às competições europeias não só é preciso jogar bem, como também ser eficaz. E para isso é necessário que a equipa tenha alguma química entre si e um treinador que já conhece bem os seus jogadores. Por isso é que o Estoril actualmente está onde está, por isso é que no ano passado o Paços de Ferreira terminou nos lugares cimeiros, e nos anos anteriores o mesmo aconteceu com o Braga, com o Boavista (que até chegou a ser campeão), etc. E em algumas ocasiões, algumas dessas equipas terminaram o campeonato acima de um dos grandes. Porque nos jogos que estas equipas realizaram, fizeram golos! E golos estes que não deixaram qualquer margem para dúvidas se eram limpos ou não.
A verdade é que os lugares de acesso às competições europeias estão lá, tanto no campeonato como para o vencedor da Taça de Portugal. Também é verdade que para muitas equipas seja difícil superar um dos três grandes, mas isso também tem haver com o orçamento que cada clube tem, e com as condições de treino que cada clube consegue oferecer aos seus jogadores. Não queiramos comparar as exigências e objectivos dos clubes grandes com os clubes pequenos, já para não falar que os jogadores dos clubes pequenos não têm “pedalada” para fazer um número de jogos superior aos do campeonato nacional.
Acredito que os clubes pequenos são mais prejudicados na secretaria – com multas e outras penalizações graves que parecem nunca serem válidas para os grandes – , do que em campo, no decorrer das jornadas por incompetência das equipas de arbitragem.