A Arte e os Artolas!

Se existe, por mera hipótese, conceito praticamente impossível de delimitar com mínimo de rigor e convergência satisfatória, é o de Arte. Não só pela subjetividade a que está associada a conceção de belo mas também por culpa de uma interminável lista de novos movimentos, falsamente vanguardistas, que o moldam à sua pequenez criativa.

Nesta lógica, e sem retirar mérito ao trabalho de inúmeros artistas plásticos, atores ou escultores, é tempo de se afirmar sem medo que uma tela pintada de uma só cor ou um espetáculo desarticulado estão fora dos limites daquele que é o conceito canonizado de Arte. Que queiram ter, cada um, a sua Arte é uma coisa, que extravasa para outra completamente diferente quando a pretendem inserir num determinado cânone socialmente aceite.

Tomando por exemplo, peço desculpa pela expressão, uma catrefada de performances – denominação utilizada para definir espetáculo sem nexo, montado de acordo com o processo criativo individual de cada ator, seguindo uma linha cénica moderna teorizada pelo raio que os parta… – que por esses palcos se passeiam, com falsos segundos sentidos, recheadas de analogias impertinentes e interpretações metafóricas, justificadas por um qualquer crítico elitista e que só um público familiarizado e conhecedor das referências apresentadas conseguirá compreender, não nos resta alternativa senão afirmar perentoriamente que não são Teatro. Não são. No fim, como também no princípio e no meio, não passam de mentiras modernas, para um núcleo cerrado de aristocratas alternativos que proclamam por esses grémios inventados uma espécie de anarquia artística, chamo-lhe eu valorativa.

O mesmo se passa com a escultura e a pintura. Um paralelepípedo de barro com uma pancada no topo não é senão uma escultura incompleta, que ao contrário do que uma cambada de pseudo-intelectuais diz, não transmite qualquer tipo de new emotion nem retrata de forma simples os traumas da guerra do Vietname ou a marcha da revolta dos paralíticos para a Índia. É só, e insisto em enfatizar, é só um bocado de barro, argila essa, marretado aleatoriamente. Não tem um propósito, se não aquele que estupidamente lhe dão.

Em tom de conclusão, importa dizer que não se trata de insensibilidade, nem tão pouco de falta de horizontes. É uma questão de bom senso, de não compactuar com interpretações obtusas, pretensamente conjeturadas por um qualquer filósofo mediano do minimalismo senegalês. Qualquer dia os manguitos das Caldas da Rainha terão também um significado rebuscado, talvez, quem sabe… Arre!