Coreia do Norte: Como negociar com uma ditadura?

Durante a semana que passou, alguns relatórios internacionais continuam a apontar o regime político vigente na Coreia do Norte como sendo a ditadura mais repressiva no mundo. O lado norte da península coreana surge mesmo como o local no mundo inteiro onde as restrições às liberdades mais básicas são mais aplicadas aos cidadãos.

A Coreia do Norte, onde vigora um regime tido como comunista mas que parece ser antes de mais desprovido de apreço pelo Ser Humano, goza de algum suporte (essencial) fornecido pela República Popular da China. Contudo, esse facto não impede que o efeito das sanções impostas pela comunidade internacional não seja quase fatal, nomeadamente para o povo norte-coreano. Mesmo que o seu isolamento fosse menorizado, o regime de Pyongyang não dotaria os seus concidadãos de melhores condições de vida. Os casos de tortura continuariam, assim como as detenções arbitrárias, ou mesmo as execuções sumárias a cidadãos sem qualquer direito a defesa ou a julgamento justo em tribunal.

A Coreia do Norte não é um estado de direito, porém vários países detêm embaixadas localizadas na capital, Pyongyang. A Suécia, através da sua embaixada, defende os interesses norte-americanos e canadianos (embora Bill Clinton tenha uma linha diplomática de contacto quase “directo” com as autoridades norte-coreanas), e é geralmente com a utilização destes canais diplomáticos que assuntos como a distribuição de medicamentos essenciais para Pyongyang apenas surjam, por exemplo, em troca da melhoria de condições dos detidos nas inúmeras cadeias da Coreia do Norte.

Daí que o isolamento de um país, a Coreia do Norte, por quase toda a comunidade internacional, seja algo apenas “aparente” e não factual. Aliás, seria um pouco “inocente” crer que as diplomacias provenientes de países ditos “democráticos”, como os EUA ou os estados membros da UE, não tivessem à sua disposição linhas directas de negociação e comunicação com um país como a Coreia do Norte. É que a comunidade internacional não pode, nunca, estar dependente de um país, como a China, para comunicar com a parte norte da península coreana. E as ditaduras não duram para sempre.

Crónica de Nuno Araújo
Da Ocidental Praia Lusitana