Curtas

Tenho a sensação de que acordei no Euro2016 ou seja, não assisti à contagem decrescente, nem há aquela publicidade toda com o tema Euro e quando me dei conta, já era o primeiro jogo. Tive até de procurar na internet a data do primeiro jogo de Portugal, analisei o que tinha andado a fazer, o que me tinha acontecido e me dei conta que tinha a penas andado a viver a minha vida. Talvez também já me tenha fartado de esse circo todo, das milhões de palavras inúteis que se dizem sobre o assunto e as repetições sem fim, é uma espécie de eternidade breve.

Não estou a escrever que não vou ver os jogos, vou! Embora saiba desde já que Portugal é bom, mas não vai ganhar, é o nosso fado, a saudade é portuguesa. Sempre as mesmas palavras para definir um país. Num outro ponto leio que há gente com o desejo de ter voos sem crianças, como se as crianças já fossem o melhor do mundo, se calhar já não são. Pelo menos as dos outros, as nossas nunca incomodam. No fundo já não somos capazes de conviver com o barulho dos outros, mesmo vindo de uma criança. Como se uma criança seja o maior dos nossos problemas, quando começamos a ter de esses problemas, a sociedade em si está a ruir como comunidade e viver cada um por si, na sua bolha de isolamento.

É na minha opinião um passo para o egoísmo geral, mas é opinião de alguém que ainda gosta de crianças das minhas e das outras, na verdade penso que todos nós devíamos sentir pais de todas as crianças e talvez assim, não houvesse tantas abandonadas. Mas venha lá a lei, façam lá os voos sem crianças, já agora venham também os voos sem idosos, alguns me parecem crianças e alguns adultos também. Um homem anda na sua vida e quando volta aos médias lê estás coisas… o jogo passa na televisão, eu não estou a ver porque tenho de escrever o texto e passei a tarde a cuidar de crianças. Confesso que me apetece mais dormir do que outra coisa, são algumas horas sem parar, sem ter tempo para mim ou seja, dei o meu tempo aos outros, é isso que falta na nossa sociedade, dar mais do nosso tempo aos outros e dividir o que somos com o outro. Apesar do cansaço valeu a pena, porque dei e recebi muito. Golo!

Desculpem, o olhar me fugiu para a televisão! O corpo esse me foge para a cama, mas ainda tenho de cumprir o prometido, mesmo que o texto fique com muitas falhas. Sempre tento ter aqui conversas entre amigos, não pretendo ser um grande cronista. Mas uma companhia para quem lê e gostas das palavras. Eu sempre gostei das palavras dos outros, das minhas fujo porque elas são rebeldes. É que ainda acredito na humanidade, ir para o céu. Está difícil, cada vez mais imagino um céu deserto de gente. Talvez lá só existam mesmo só crianças…