Daqui a três meses peço equivalência a Jornalismo – Joana Camacho

Diverti-me tanto a comentar as notícias da semana passada, que resolvi abusar da sorte e repetir a proeza uma vez mais. Se continuar a consumir jornais a este ritmo, penso que dentro de três meses poderei pedir equivalência a Jornalismo. Talvez menos, se a pena me for reduzida por bom comportamento. (A minha irmã é advogada, eu sei como é que estas coisas funcionam.) Bom, permitam-me só que ajeite a gravata. E – pronto – vamos a isto.

No Diário de Notícias li uma manchete que dizia que o Papa pagou “religiosamente” as quotas do clube San Lorenzo. Não li a notícia na íntegra (notícias sobre religião afligem-me) mas, pelo que vejo, a expressão “deus te pague” finalmente deu lucro. Tenho esperanças de que, lá para o final da semana que vem, poderei ler no Diário de Notícias algo como: “Papa paga ‘religiosamente’ dívidas em atraso a Joana Camacho”. A avaliar pela quantidade de vezes que já ouvi a expressão “deus te pague”, tenho em crer que o Vaticano vai à falência quando pagar tudo o que me deve.

Sendo também eu madeirense, não podia deixar de referir o facto de Alberto João Jardim ter rasgado as páginas de uma edição do Diário de Notícias da Madeira, na passada sexta-feira. Das duas, uma: ou o senhor Alberto João Jardim gosta tanto de jornais como eu; ou então revoltou-se com a possível ausência de papel higiénico na casa de banho do Madeira Tecnopolo e manifestou-se numa espécie de movimento se-te-usassem-para-limpar-o-rabo-ao-menos-servias-de-alguma-coisa. Para efeitos de entretenimento próprio, vou acreditar na segunda hipótese.

Passando da Madeira para o Mediterrâneo, uma notícia diz que Lili Caneças foi roubada em Barcelona. Lili diz-se muito chorosa por ter perdido a sua mala Louis Vuitton, as suas joias, os óculos da Gucci, da Prada e da Ray-Ban, os documentos, os cartões de crédito e o iPhone. Devo confessar que esta notícia me deixou deveras transtornada. Pobre Lili. Queria, aqui, deixar um pedido, a todas as pessoas que me leem. Vamos apoiar esta causa. Juntem as latinhas de atum de conserva, as embalagens de milho doce e os pacotes de esparguete da marca Continente. Não queremos que a nossa querida Lili passe fome. Sejam solidários! As minhas rezas de hoje à noite serão dirigidas à mala Louis Vuitton de Lili, que estará – provavelmente – nas mãos de um assaltante que não toma banho há mais de dois meses e não lava as mãos depois de ir à casa de banho.

Para finalizar, uma outra notícia dizia que trabalhar alcoolizado até pode melhorar a produtividade, segundo os juízes. Eu sempre desconfiei que sim. Agora vou ali beber desenfreadamente, para depois ir dançar a Macarena completamente nua, ao pé da máquina de fotocópias. Aproveito e, pelo caminho, ensino uma centopeia a dar a pata. E, já agora, atiro um agrafador à cabeça do senhor careca que me está a perguntar onde fica a casa de banho. Sem dúvida, um aumento abrupto na produtividade de qualquer estabelecimento. E é tudo. Para a semana há mais.

Caras pessoas que me leem: caso, por alguma razão, tencionem subornar a autora deste texto, permitam-me que vos deixe uma sugestão… chocolates. Montes e montes deles.

JoanaCamachoLogoCrónica de Joana Camacho
A parva lá de casa