Dezembro, A Ver Se Te Entendo – Carla Vieira

Estamos em Dezembro e encontro-me eu já a sofrer por antecipação. Antecipação do frio, da chuva, do Natal, dos presentes, dos aniversários… Em suma, a sofrer por tudo o que ainda não aconteceu mas vai com certeza acontecer. Estou portanto num estado tal de ansiedade que nem é bonito de se ver. Mas eu sendo eu, lá me vou desenrascando.

Para ser sincera, esta época causa-me todos os tipos de desagrado. Não aprecio o Natal. Incomoda-me que cada vez as luzinhas de rua sejam penduradas mais cedo, chegando ao ponto de serem penduradas logo a seguir ao Halloween se for preciso. Do ponto de vista publicitário tem as suas razões. Quanto mais cedo nos enfiarem o Natal pelas goelas abaixo, mais cedo vamos às compras. Ou pelo menos vamos ver as montras, que gastar dinheiro está complicado. Ainda assim, tudo o que é demais enjoa e isto de ser Novembro e levar com ornamentos natalícios sempre que saio de casa já não é interessante.

A parte mais engraçada do Natal (para mim) é provavelmente as tradições. Gosto da parte de estar com a família e visitar todos os tios e primos e familiares. Sim, porque a família é importante e o Natal ao fim de contas é para se festejar com a família, quer se seja religioso ou não.



Não gosto, no entanto, de receber presentes. Ou melhor, até gosto! Abrir em frente àquela gente toda é que não me impressiona nem um bocadinho. Talvez seja demasiado tímida ou seja lá o que for. Se a minha vontade fosse feita, eu abriria as minhas prendas no quarto, no meu cantinho privado; não é que tenha vergonha ou embaraço de toda a gente ver o que recebi, é apenas uma preferência pessoal.

Outra coisa que me incomoda é dar presentes. Porquê? Uma razão muito simples: eu nunca sei o que as pessoas querem! E eu sendo como sou, correm sempre o risco de me dizerem “qualquer coisa serve” e eu oferecer um lápis ou uma caneta (por falar nisso, preciso de canetas). Não olhem assim para mim, canetas fazem sempre jeito e lápis também. Claro que para aquela pessoa especial, mal de mim oferecer material de escritório, mas essa prenda vou fazê-la eu mesmo… Daí estar a entrar em pânico porque ainda nem sequer comecei.

Posso gostar da família, dos afectos, da comida boa e dos doces que fazem babar, mas juntando a isto tudo sete – sete! – aniversários num só mês… Não sei. Se deixar de escrever para aqui, chamem o 112 que sou capaz de ter falecido entretanto.

Crónica de Carla Vieira
Foco de Lente