E As Coisas Que Mudam, Ficam na Mesma? – Carla Vieira

Eu nunca fui muito de mudanças. Para ser sincera, nem gosto delas. Gosto de quando as coisas estão quietinhas no sítio e não tenho que me preocupar em adaptar-me às novidades, quaisquer que elas sejam. Nem quando a minha segunda peluda veio para casa me adaptei à chegada dela durante algumas semanas (essas quais em que sempre que lhe tocava tinha de ir lavar as mãos a seguir, por motivos desconhecidos a mim própria).

No entanto, como tudo na vida, as coisas não são bem assim e volta e meia ou as pessoas mudam e ficam a par do mundo, ou o mundo muda e as pessoas ficam para trás. Ora, por muito lenta que seja na corrida, deixar-me ficar atrás não é o meu estilo.

O que eu quero dizer com isto é que cortei o cabelo. E a piada é esta:

Eu avisei as pessoas que ia cortar o cabelo. Não necessitaria de tal cuidado mas já tinha antecipado o estado de choque em que as criaturas aqui denominadas por seres socializantes meus amigos e família poderiam ficar. Mesmo por essa razão e embora não tivesse obrigação de o fazer, avisei quem achei que teria de avisar. Depois dessa tarefa e de avisar as pessoas do que ia fazer, fui então cortar a imensidão de cabelo que até agora tinha a cobrir a cabeça toda até ficar apenas com uma engraçada penugem a cobrir as orelhas.

Como tinha previsto, as reacções foram… Interessantes. Ainda assim, houve quem gostou, claro. E depois existem aqueles que simplesmente não se acreditam que eu tenha em mim os ovários, que é como quem diz a coragem de fazer algo assim tão rebelde ou radical.

E como tal, tenho apenas a dizer que realmente as pessoas mudam. As pessoas mudam imenso. Eu tenho orgulho em ser uma pessoa diferente daquela que alguns meus conhecidos achavam entender. Posso simplesmente dizer que excedo expectativas todos os dias, e não paro de fazer o que gosto só porque alguém se sente no direito de achar que não é para mim (Ouviram, senhores directores de faculdades de psicologia? Hão-de engolir as vossas rejeições!), o que significa absolutamente nada. Eu apenas sou quem sou, todos os dias um bocadinho melhor.

E mais carequinha também.


Crónica de Carla Vieira
Foco de Lente