Ele quer voltar para Marte! – Teresa Isabel Silva

Pois é, não é só o nosso ministro das finanças que não sabe fazer contas. Ao que parece o extraterrestre da minha crónica da semana passada, calculou muito mal as distâncias e acabou por aterrar em Portugal.
Com o intuito de saber um pouco mais sobre o nosso país decidiu dar uma pequena volta pelas redondezas. Caminhou quase meia hora por estradas em más condições, mas parou admirado a fitar a enorme quantidade de rotundas existentes.
Alegre, ele pensou que o povo português era de facto bastante acolhedor. Afinal de contas até tinham sítios próprios para o Aliens aterrarem as suas naves. E fantástico, haviam estacionamentos para naves de todos os tamanhos!!!
Fascinado com as suas descobertas o marciano (que ainda não descobriu que devia ter ficado em casa) chegou a um café onde se sentou.
Mais uma vez fascinado, ele começou a passar folha a folha do jornal lendo as nossas notícias nacionais. Ficou aterrorizado, este povo que ele visitava e que era tão amistoso estava a ser vítima de opressões por parte de um extraterrestre maligno que se intitulava de Passos Coelho.
Ficou admirado com a televisão, mas naquela manhã só surgiam na caixinha mágica pessoas que se queixavam da sua vida. Depois de perguntar ao empregado que programa era aquele, o empregado elucidou-o dizendo que eram os programas da manhã.
O marciano sentiu pena daquela gente, mas ao ver duas senhoras que conversavam na mesa ao lado, deixou-se ficar alerta.
Elas falavam animadamente da Casa dos Segredos. Pelo desenrolar da conversa o marciano percebeu que aquilo era um programa sem lógica e história, mas que mesmo assim deixava as pessoas animadas.
Assustado pela primeira vez desde que chegara a Portugal, o extraterrestre levantou-se e saiu transtornado do café, perguntando-se como é que era possível que um povo tão oprimido e pobre se conseguisse rir de um programa de televisão que nada tinha de lógico, histórico ou cultural?!

O alien correu para a sua nave com todas as suas forças. Mas a verdade seja dita, se ele ficou chocado com esta anedota da nossa sociedade imaginem se ele em vez de ir para um café tivesse ido parar á Segurança Social…


Crónica de Teresa Isabel Silva
Crónicas Minhas