Este ano todos queremos ser judeus! – Maria João Costa (Extra – Natal)

Este ano o Natal só é “fixe” para os judeus.

O bacalhau está caro, por isso é que o menu foi substituído pelos filetes de pescada (sorte para quem não gosta desse peixe com a etiqueta da Noruega); os mais pequenos fizeram uma lista enorme de presentes, e cedo perceberam que o Pai Natal é o quarto elemento da Troika que fica sempre no escritório; os netos e sobrinhos nunca receberam tantas meias e pijamas como este ano, e os avós, também não escaparam a um ano recheado de ceroulas (o que já é um hábito).

Quem queria e costuma tirar férias nesta altura do ano, também ficou pelo caminho; as empresas querem produção e produção, associada à … produção; e muita sorte para aqueles que tiveram a tarde de 24 livre.

O Senhor Padre também já perdeu a esperança de encher o papo ao Galo este ano. Há que acreditar em milagres, sim, mas também há que acreditar nos efeitos do Mago Gaspar, que este Natal chegou de baú vazio (não se faz!).

O que nos resta de doce, são mesmo as sobremesas; mas para quem não gosta de rabanadas, nem bolo-rei, e muito menos dos sonhos, que são cada vez mais pequenos, nesse caso, o melhor é pedir à mãe para encher uma taça com leite de creme.

Em jeito de resumo, o Natal está mesmo “fixe” para os judeus. Para além de não terem que gastar o subsídio de Natal em prendas para os primos que já não vêm há um ano, ainda têm tarde livre no trabalho numa segunda-feira (pormenor muito importante), ainda têm a terça-feira de folga. Isto tudo, porque estes senhores que usam um chapéu estranho na cabeça, não olham para Jesus como o Messias. Eles não rejeitam que ele tenha existido, mas não é quem eles procuram, sendo assim só há motivo para poupar.

Mas ainda bem que não somos todos judeus; e por muito pouco que seja, a história da Maria, dá uma ajudinha à economia. Feliz Natal, porque no final, o que importa é estar com os primos que já não víamos há um ano, e reunirmo-nos à lareira, mesmo que o cabrito seja substituído pelo pão da padeira.

Crónica de Maria João Costa
Oh não, já é segunda feira outra vez!