O dinheiro é uma merda. É uma grande e poderosa merda. E a falta dela também.
Faz mal quando não existe, faz bem quando não existe. Faz mal quando existe, faz bem quando existe. Enfim, é um parvalhão.
Eu gostava de pegar nas moedas todas, mete-las em fila a dançar o samba e, depois, quando estivessem entretidas a abanar o seu corpo frágil, eu dava um pontapé a cada uma. Depois, pegava nas notas todas e metia-as num balão de ar quente que desaparecia no céu.
Quantas coisas, verdadeiramente úteis para a nossa formação e satisfação, deixamos de fazer por causa do dinheiro? Quanto erros cometemos devido ao dinheiro? Quantas vezes deixamos de viver por culpa do dinheiro? Quantas injustiças existem relacionadas com o dinheiro?
Era bom que não existissem extravagâncias e que os bens materiais fossem reduzidos ao essencial.
E, neste momento, imagino uma praia, uma tenda, uma auto-caravana, uns cobertores no meio da terra, uns pés descalços, a água de um rio, o sol, vários sorrisos doces, um abraço longo, o nascer do sol, o cheirinho das plantas.
Gostava de dar o que tenho e receber o que cada um tem, sem a interferência do atrasadinho do dinheiro. Mas ele é chato, é arrogante e gosta de se meter na vida das pessoas.
Eu canto para ti, tu danças para mim.
Eu ensino-te a tocar piano, tu ensinas-me a costurar.
Eu faço-te um bolo de chocolate, tu ensinas-me matemática.
Eu conto-te uma história, tu pintas-me o cabelo.
Eu dou-te boleia, tu das-me uns sapatos.
Claro que isto é uma utopia, mas a imaginação ainda é gratuita.
Crónica de Vânia Tavares
Desafiar o obrigatório
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Eu limpo, tu sujas, ele desarruma…
RIP Noção