Eu confesso: não pesco nada de Literatura.
Para mim, Nietszche é um espirro em BD, Shoppenhauer uma nova marca de cerveja, Saramago uma árvore da Saribândia norte, e os livros? – uma maçada, um quase nada, perda de tempo, do meu e do teu, sempre quase quase qualquer coisa mas ainda tão pouco que nada resta desse pouco, no fim de contas.
Um enfado, enfim. Tenho, para mim, que um livro é fado em letras; enfadonho, medonho sonho feito de sons entre as palavras, sábias empadas de coisa nenhuma, de bruma, de um luar de mar sem lágrimas de Outono.
Portugal, esse, é o meu triste mal. Não existe, essa “gente até lá”, a esse porto da meditação alheia, que de infernos vãos está cheia, de poetas malditos, e interditos, de mentes tão tão brilhantes que em tudo são inconstantes, desses sonhos do resto do mundo, por revelar em todo esse sonhar, em todo esse pobre mar sem sal – mas isso é normal.
Mas – normal seria que a esta mediania envergonhada eu respondesse com uma altivez indiferente, a tanta existência indigente – nada feito. É-me atroz pensar nisso. É-me das entranhas, tão breves e tão estranhas são essas emoções; minha e tuas, sozinhas e acompanhadas, a eterna saudade de ter saudades de um tempo sem fim, presente ou passado ou feliz, que nos lembremos sempre sempre do que nunca foi amado.
A realidade mente.
E mente tão completamente…
Que é quando sente o presente
Quando deixa de ser gente.
Ela é uma amante imperfeita
E é tão tão e sem sem sem…
Que é quando se deita
Sonha ser “alguém”
Ao longo dessa fugidia nuvem…
De lagos, e rios, e marés nunca e sempre navegados, e ventos irados, e pessoas sem rosto, e Agostos em Invernos.
O meu país… é um erro de raiz.
Mas… nasceu torto – e vive feliz !
Crónica de Francisco Capelo
O Suspeito do Costume
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RIP Noção