Faz o que eu digo, não faças o que eu faço – Crónicas Minhas

Já diz o velho ditado que se os conselhos fossem bons não se davam, mas sim que se vendiam. Por isso, caros leitores quando tiverem um concelho prestes a sair-vos da boca lembrem-se de cobrar por ele um valor simbólico. Isto seria sem duvida uma maneira de combater a crise sem se passar recibos.
Dar concelhos e cobrar por eles é quase a mesma coisa que a prestação de serviços de um arrumador de carros… Veja-mos a situação: o arrumador e carros dispõe do seu tempo e da sua arte do “distorce, distorce”, para nos ajudar a estacionar o carro, e isso acontece mesmo quando não queremos. O mesmo acontece quando alguém nos dá concelhos, a pessoa que se disponibiliza a ajudar, dá-nos alguma da sua sabedoria e tempo para nos elucidar e muitas vezes dá-nos concelhos que não queremos ouvir, ou que então, tal como o estacionamento não precisamos.
Entretanto, serei só eu que fico sem expressão quando ouço alguém dar-me concelhos que essa mesma pessoa não pratica? Serei eu, uma espécie rara, que quando me deparo com esta situação, fico com balões de pensamento controversos que se agravam quando essa pessoa me responde, muito senhora do seu nariz “Faz o que eu digo, não faças o que eu faço”
Voltando à metáfora do arrumador de carros porque é que ás vezes fazemos o que ele que ele diz e não o que ele faz? Se calhar ele nunca conduziu um carro antes, mas será que essa inexistência de prática o torna menos aptos para nos aconselhar a estacionar o nosso carro? Por isso, mesmo que ele se safe bem a dar indicações para estacionar, será que ele está apto para cobrar dinheiro pelo serviço prestado?
Fica aqui o concelho (e só desta vez não vou cobrar) legalizem os conselheiros e os arrumadores e talvez depois disso a economia volte a ficar normalizada de acordo com as aptidões e especialidades de cada um.

Crónica de Teresa Isabel Silva
Crónicas Minhas