Garfield minus Garfield – Carla Vieira

Esta semana demorei imenso a encontrar um assunto do qual me apetecesse falar. Tenho uma lista de assuntos pronta a utilizar sempre que precise, mas embora a lista seja longa, não basta só ter assunto. É preciso eu sentir-me investida para que consiga escrever algo de jeito.

Tenho a dizer em minha defesa que cada vez é mais difícil arranjar um assunto a tempo, mas como sou uma pessoa dada ao desenrascanço, lá consegui, como sempre, falar sobre qualquer coisinha.

Vocês conhecem o Garfield, certo? Toda a gente conhece o Garfield, o gato gordo mais famoso que existe. É laranja e um bocado anormal para o seu dono, o Jon. Ora, o Jon é um dono querido para o gato, e até faz o que muitos de nós com animaizinhos em casa fazemos, que é falar com eles. Em cada strip vemos o Jon a interagir com o Garfield e a falar com ele, e em cada strip vemos o Garfield a ter reacções e a interagir à sua maneira com o mundo à sua volta. Aí temos as piadas: o Garfield a “falar”.

Mas…

E se o Garfield não existisse?

Não, não estou a falar da inexistência desta banda desenhada, mas sim se essa mesma banda desenhada girasse à volta apenas do Jon, e o seu animal de estimação deixasse de ser um elemento constante.

E aí temos a premissa muito inteligente para o fenómeno garfieldminusgarfield, um site em que todas as strips são constituídas apenas pelo Jon, a existir sem a companhia do seu gato. Senão vejamos:

Já perceberam a diferença? Na strip original, temos o Garfield a fazer das suas, uma careta ao Jon que, sem o ter visto, diz que a sua auto-estima baixou um bocadinho (o que é perfeitamente normal). Mas na segunda strip, temos apenas o Jon, sozinho, a sofrer uma queda na auto-estima por razão nenhuma… Porque está deprimido.


Admito que a ideia em si é bastante macabra, até porque não estamos muito habituados a este tipo de humor, mas acho realmente interessante usarem uma ideia original e darem-lhe uma volta completa para mostrarem outra interpretação ao público.

Arte é isto mesmo: é uma adaptação, uma criação posta à prova e a habilidade de abrir a mente e interpretar certas coisas de maneiras pouco convencionais. Acho que realmente vale a pena mencionar o novo tipo de arte que anda cada vez mais a surgir graças à internet e ao constante trocar de ideias entre várias e imensas pessoas. Fica aqui a ideia, se não por gosto, então apenas para passar o tempo.

Crónica de Carla Vieira
Foco de Lente