Hipersensibilidade quê??

A tecnologia evoluiu (e como evoluiu!) e todos os dias há alguma novidade, alguma descoberta. Do velhinho Nokia 3310 com os seus jogos simples já nada resta. Hoje em dia são os smartphones que comandam o mundo – temos os nossos contactos, os nossos jogos e aplicações (muita mais elaboradas), máquina fotográfica, já funciona até como um pequeno computador, onde consultamos o email, fazemos pesquisas na internet, estamos activos nas redes sociais.  Enfim, tudo e mais alguma coisa é possível nos dias de hoje através de um smartphone. E se por alguma razão não estamos conectados à internet (dados móveis ainda custam algum dinheiro), o que não falta por aí são locais com wi-fi e muitas das vezes grátis, sem password para não chatearmos muito – o que agradecemos verdade seja dita. Conclusãp: não há como fugir a este mundo cada vez mais tecnológico.

Assim que quando ouço falar em hipersensibilidade electromagnética a minha primeira reacção é estranhar. E quando leio que à conta disto uma francesa de 39 anos vai receber uma pensão de invalidez ainda mais parva fico!  É certo que a medicina, tal como a tecnologia, evoluiu, aliás estão muitas vezes interligadas, em muitos meios de diagnósticos por exemplo, mas isto é mesmo a sério? A senhora não pode estar à beira de telemóveis, routers, televisões ou outros aparelhos electrónicos porque fica com náuseas, fadiga, dores de cabeça e/ou formigueiros no corpo (tudo sintomas bem característicos “apenas” deste tipo de doença). Dizem que a doença, a tal de hipersensibilidade electromagnética, afecta 85% do corpo da senhora e que sendo jornalista de rádio não pode exercer a função, daí a tal pensão por invalidez de 800€.

Minha cara senhora, sim dirijo-me directamente a si pois gostaria de saber como conseguiu qye fosse aprovada esta pensão por invalidez, quando na França e segundo o que li a doença não é reconhecida como tal? Como comprovou mesmo? Que médicos apoiaram isto? Já agora e apenas por curiosidade porque é que era jornalista de rádio, onde tem de lidar com diversos aparelhos electrónicos, se os ditos a afectavam? (faz-me lembrar uma pessoa que apesar de não querer nada com computadores, licenciou-se num curso em que computadores e afins fazem parte do dia a dia!)

Apesar de uma doença bizarra (se realmente for verdadeira) fui pesquisar um pouco mais sobre o assunto e até li um artigo sobre a hipersensibilidade electrónica – as coisas que uma pessoa lê! Conclusões dos estudos foram que sendo os sintomas reais nas pessoas não era possível dar como causa a hipersensibilidade electromagnética; os sintomas são ainda variáveis de pessoa para pessoa; e (para mim a mais importante de todas) não é possível utilizar a hipersensibilidade electromagnética como classificação diagnóstica. Mesmo tendo os estudos já uns anitos, a verdade é que não acredito que a hipersensibilidade electromagnética esteja classificada como doença nos dias de hoje (se estiver errada elucidem-me por favor, não gosto de estar na ignorância). Parece-me quase como as desculpas das dores de barriga dos miúdos para não irem à escola ou as tão famosas dores de cabeça. Porém o Estado Francês (ou lá quem trata das pensões no país) reconheceu que a senhora padecia deste mal. E a doença será que reconheceu mesmo? É que admitir uma coisa, terá de admitir a outra…digo eu que não percebo nada.

A verdade é que por estes dias está a senhora isolada do mundo e incontactável (sem internet nem telemóvel, dá-lhe formigueiros no corpo) devido à hipersensibilidade electromagnética. E ainda a receber 800€, nada mau. É aguardar que a doença seja também reconhecida em Portugal porque às vezes tenho cada dor de cabeça quando estou em frente ao computador! Será que também me dão uma pensão de invalidez? Fica a questão…