Humanidade VS Evolução

É certo e sabido que todos descendemos dos macacos. Mas isso não deveria ser uma razão plausível para que, sempre que ocorre um erro de evolução, invoquemos que a culpa é dos macacos. Seria de esperar que, tantos anos depois, os humanos fossem uma raça efectivamente mais avançada e mais inteligente. Mas, infelizmente, continuamos a demonstrar que somos ainda uma raça pouco evoluída — especialmente em certas reacções que temos a certas e determinadas situações do quotidiano.

Sendo que nos encontramos em 2022, seria de esperar que fôssemos capazes de prever as coisas que podem subitamente ocorrer, mas tal não se sucede e, por outro lado, temos ainda o triste e retardado hábito de “chegar tarde demais” às situações. E, ainda por mais absurdo que possa parecer, temos igualmente a ideia de enfatizar esses acontecimentos, como se de uma espécie de choques eléctricos se tratassem, sem termos o absoluto controlo sobre eles. E acabamos a disparar expressões surreais que nunca parecem absurdas no momento em que abrimos a boca para as proferir, mas que, após serem balbuciadas, soam à coisa mais ridícula do mundo. Como, por exemplo:

Uma pessoa caminha na rua à nossa frente e, de repente, tropeça numa pedra da calçada e acaba por se estatelar no chão.

A primeira reacção que seria perfeitamente compreensível e exemplar, seria dirigirmo-nos rapidamente a essa pessoa e tentar saber se está bem e tentar ajudá-la a levantar-se do chão. Mas, não. Como humanidade que não evoluiu ainda o que seria expectável, damos por nós a olhar para a pessoa estatelada no chão e a proferir a seguinte frase:

“Cuidado! Olhe que pode cair!”

Novidade: ela já caiu. Já se estatelou no chão. Esbardalhou-se ao comprido. Aterrou de cara no chão. Sentiu o chão a fugir-lhe debaixo dos pés. Obrigado pela ajuda e por me fazeres sentir um cepo, ó cérebro.

Perante este tipo de situação, ao invés de tentarmos ajudar a pessoa que caiu — e acabando por disparar palavras absurdas e inadequadas ao momento —, tendo em conta a fase estagnada da evolução em que ficámos, mais valia começarmos a bater violentamente no peito com os punhos fechados e, de seguida, sentarmo-nos no chão, descascando e comendo uma banana enquanto observamos se a pessoa está bem e se consegue levantar-se sozinha e seguir caminho pelos próprios pés, e esperando pacatamente que surja alguém que nos cate os piolhos…