Ouviam-se gritos de alegria e o sururu de um bando de catraios que brincava em qualquer canto.
“Alguém tem giz?” – Perguntava o chefe da “matilha”.
E se não houvesse giz, havia sempre uma pedra de tijolo à espera de ser usada…
Quadrados quase perfeitos desenhados no chão, com números escritos ao centro, por um artista sem eira nem beira.
Estava pronta a macaca…
Só faltava escolher a pedra perfeita, não podia ser uma pedra qualquer.
“Primas” – Gritava o artista.
Começava o confronto…
Um após o outro, casa por casa, ao pé-coxinho até a vitória final, a macaca requeria um pouco de destreza fosse a atirar a pedra ou saltar só com uma perna.
“A pedra caiu fora!!!” – dizia alguém, como se fosse o juiz.
A brincadeira continuava e ninguém ficava de fora, dava para todos e todos sem excepção.
Não havia cansaço ou pasmaceira e enquanto houvessem pedras havia brincadeira, nos recreios, nas manhãs sem aulas e nas férias…
Nos fins de tarde de uma simples primavera.
Joguei, tantas vezes que lhes perdi a conta, perdi muitas vezes, ganhei outras tantas, mas se bem me lembro não era a competição que nos movia, era estarmos divertidos e com tão pouco.
Agora pensem, quando foi a última vez que viram crianças a jogar à macaca?
Pois é!
Triste realidade.
As ruas de hoje já não têm as ditas brincadeiras, nem o sururu dos gritos de felicidade das crianças…
Talvez um dia, quem sabe!
Não se esqueçam de recordar e sonhar, porque a vida é feita de sonhos!
A música de hoje nada tem a ver com a crónica mas é de um dos cantores portugueses que mais gosto e que infelizmente partiu cedo demais!
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