Lembras-te da Bullfrog Productions? – Pedro Nascimento

Estamos todos bem sentados? Queremos ler um pouco acerca da produtora que tinha um sapo no logo? É que a mim apetece-me escrever umas frases sobre a casa que lançou definitivamente Peter Molyneux para um estrelato moderado. A fama possível, e própria, de uma das figuras incontornáveis da indústria.

Relembremos a Bullfrog Productions! Uma das mais proeminentes produtoras da década de 90! Só a história que está por detrás da sua origem dava um argumento para um filme dos irmãos Cohen. Sério, eu conto assim de forma breve: Peter Molyneux e Les Edgar eram dois sócios cujas experiências falhadas na área da produção de videojogos acumulavam-se. Para fazer frente ao insucesso, abriram uma empresa chamada Taurus que exportava feijão enlatado para o Médio Oriente. O que é que acontece? A Commodore, empresa sólida na altura, envia-lhes 10 sistemas Amiga para que fosse desenvolvido um software de base de dados para tornar o sistema mais eficiente. Ora, esta oferta estava direccionada para uma outra empresa: a Torus. Claro está que os dois amigos viram uma oportunidade. Fizeram-se de tontos e aproveitaram-se da situação – desenvolveram uma base de dados chamada Acquisition e encheram os bolsos à conta de um sucesso inesperado.

Foi então, com este dinheiro, que os dois colegas puderam desenvolver os jogos que ambicionavam criar. Fundada em 1987, a Bullfrog lançou vários títulos que viriam a marcar uma geração. Além disso, iniciaram novas tendências. Por exemplo, Populous, de 89, foi o primeiro jogo a dar a oportunidade ao jogador de assumir o papel de uma divindade. O objectivo era tornar a nossa civilização cada vez mais forte. Um ensaio do que uma década mais tarde se viria a chamar de Black & White.  Sempre focada em oferecer novas IP’s (intellectual property), como Syndicate ou Magic Carpet, a Bullfrog Productions viria a acertar na mouche comercialmente quando lançou, em 1994, Theme Park. Com cores vibrantes, opções de customização excêntricas, e truques fáceis para ter dinheiro, construir um parque de diversões que nos divertisse enquanto o construíssemos tornou-se um pequeno prazer próprio de se ser uma criança – um jogo mágico. Já depois de ter sido adquirida pela EA, a Bullfrog continuou com o seu ritmo de dois lançamentos por ano. Foi através deste crescimento sustentado que em 1997 esta companhia sediada no Reino Unido se tornou uma referência mundial para todas as produtoras de videojogos. Dungeon Keeper, o último jogo com o toque de Molyneux antes deste sair em Agosto para formar a Lionhead Studios, foi um sucesso crítico. E, Theme Hospital, que dispensa apresentações, foi só o maior sucesso comercial da empresa de sempre.

Nada faria prever a queda, quase abrupta, desta simpática companhia que tinha um sapo no seu logo. Incapaz de voltar a abanar o mercado, acabou por lançar o seu último título em 2001. Uma segunda sequela de Theme Park. Isto num período em que a Electronic Arts já procurava uma forma pouco barulhenta de afastar da sua linha da frente uma produtora que estava estagnada – tanto em ideias como em rentabilização concreta.

Em 2004 a Bullfrog Productions foi declarada extinta. Durante os seus 17 anos de actividade ofereceu-nos vários títulos que eram garantes de horas de diversão. Pode-se até dizer que durante a década de 90 ver o seu sapo a aparecer nos créditos iniciais de um jogo funcionava como um selo de qualidade. O tempo passa, mas a Bullfrog não será esquecida.

 

Mais uma edição de L2R2 X-Δ, só para vocês!


Crónica de Pedro Nascimento
L2R2 X-Δ