Liderar – Movimento de Vida – Patrícia Marques

images (1)

A palavra “liderança” convida-nos, sempre que a ouvimos, a refletir nos seus aspetos mais conceituosos, mais categóricos e caraterizadores. Ouvimos na televisão que “ x lidera nas estatísticas relativamente a isto”, observámos no jornal que “x liderou nos últimos anos a causa daquilo”, lemos nas redes sociais “ críticas à liderança de…”.

Mas o que é a liderança afinal? Como se pode liderar? Como se pode liderar “bem”, com tudo o que de bom possa existir para liderar?

Napoleão Bonaparte dizia que “um líder é um vendedor de esperança”. E o leitor acredita que sim? Na atualidade, estão em voga os cursos “para uma liderança eficaz”. Entre estudos sobre estilos e formas para liderar, chega-se à conclusão de que a boa liderança e o bom líder deve de atender a determinadas características e apresentar determinadas condições no seu perfil. Segundo a Leadership Group, uma liderança eficaz deve:

– Demonstrar caráter e competências pessoais (integridade, hábitos, confiança e coragem);

– Definir uma visão inspiradora (estabelecer uma direção);

– Mobilizar em prol de resultados sustentados;

– Aumentar a capacidade grupal (inovar, construir equipas, gerir mudanças);

– Atrair, reter e desenvolver talento/futuros líderes (obtêm compromissos – são coaches e teachers);

– Mostrar competência na atividade grupal (tomada de decisões críticas).

E até aqui sabemos, teoricamente, o que é uma liderança eficaz e o perfil do líder que a coloca em prática. No entanto, sem querer ou por querer, o leitor também é um líder. Porquê? Porque se é pai, se é mãe, se namora, se é filho, se é avô, avó, tio, primo ou tem outro estatuto familiar, é em si mesmo um líder e muitíssimo importante enquanto tal. O leitor é um líder na vida; na sua, e concomitantemente na dos outros.

Robin Sharma, no seu livro A força de Viver, faz questão de salientar: “A liderança na vida começa com a liderança em casa. A família é o alicerce, comparável à rampa de lançamento de um foguetão. Uma vez segura e em ordem, permite-nos voar bem alto.” Este é o alicerce que acalenta a sustentabilidade da saúde familiar, tornando assim possível a gestão das emoções, de comportamentos e da missão da vida, enquanto família.

Por vezes, torna-se necessário que a família olhe para o exterior para não gerar uma saturação interior… tal como as nuvens brancas que aos pouquinhos carregam a chuva do mar e vão ficando cinzentas, até começar a chover. Noutras vezes, é necessário que a família olhe para o interior… quando as nuvens já estão carregadas e o branco já não mais se encontra, é altura de olhar para dentro e abrir a família à comunicação teórico-prática de valores, como o amor, a esperança, a missão de vida, o cumprimento de objetivos, alusões positivas do passado, perspetivas conjuntas para o futuro, etc, etc..

Por isso leitor, é fundamental que traga a liderança para a sua família e encoraje cada um dos seus membros a contribuir para a sua cultura, que crie uma visão maravilhosa de como quer que tudo corra no futuro, e que partilhe essa causa maior com os seus. (Sharma, 2010).

É claro que à primeira vista tudo isto pode ser utópico e maravilhoso, no entanto, se o leitor tem acompanhado algumas das minhas crónicas, vai perceber que a liderança e a paz estão intimamente ligadas. Quando um filho ou filha vai ter com os seus pais dizendo que gosta muito de fazer isto e aquilo, que gosta muito de praticar aquele desporto ou aquele, não tome essas palavras em vão, mas antes, considere-as. Talvez ele ou ela o estejam a querer contribuir para a vossa cultura familiar, convidando-o(a) a entrar no seu mundo, onde existe abertura para fazerem as mesmas atividades, partilharem pensamentos, momentos e crescerem juntos enquanto família.

“A melhor forma de inspirarmos os nossos filhos a tornarem-se os adultos que sonhamos que sejam é sendo o tipo de adultos que queremos que eles sejam.”

(Sharma, 2010)

Crónica de Patrícia Marques
Um lugar ao Sol
Visite o blog da autora: aqui