Márcia

I

 

Motivo de Força maior,

Que de alguém nos faz bem dizer,

É o amor que, quanto mais, melhor,

Faz que por outrem queiramos viver.

 

É fazermos do longe, perto,

Superando as dificuldades,

Gostarmos de alguém, em concreto,

É amar, num conflito, ambas as partes.

 

Vi-te e num instante achei,

Bonita demais para ser verdade,

E eu aqui gentil pudesse ser rei,

Vivia à sombra da tua majestade.

 

II

 

Rima com tudo o que gosto,

A julgar pelo que vejo,

Do cabelo, a emoldurar o rosto,

À boca, que morde um desejo.

 

Bonita a perder de vista,

Há-de dela dizer-se um dia,

Que, por ela, houve um artista,

A quem inspirou quando escrevia.

 

Faz eco sua beleza,

Entre os versos que lhe ultima,

Um poeta no qual há pressa,

De lhe dizer o quanto a estima.

 

III

 

Existe entre nós o mar,

Que não canso de ficar olhando,

Que é de lá que um dia vai chegar,

Ela que chegará cantando.

 

Cantando uma melodia,

Que quando assoma ao ouvido,

Soa àquilo que eu diria,

Ser o meu tema preferido.

 

Um mar que não lava a emoção,

Que nem na sua ausência passa,

Gostava do calor do seu verão,

No outono, quando o frio me abraça.

 

IV

 

Em sua voz ressoa,

Instinto de amor primitivo,

Que sabe àquilo que soa:

Ao amor que não tenho tido.

 

Instinto forte e cruel,

Quem dera saber-me às vezes,

Ao gosto que tem o mel,

Dos teus olhos tão portugueses.

 

Portugueses de além-mar,

Além-fronteira distante,

Que aonde vai tarda em chegar,

Mas quando chega se faz grande.

 

V

 

Eu do que mais gosto em ti,

Do olhar feito de candura,

Que, num instante, chega aqui,

E do qual não estou à altura.

 

Olhar que me tranquiliza,

Trazendo paz e sossego,

O bastante para que à vida,

Só queira se houver esse apego.

 

Olhar em que transparece,

A confiança que dele emana,

E que a cada dia cresce,

Como se passasse uma semana.

 

VI

 

Olhos de mel, nariz e boca,

Dão ao teu rosto um sentido,

Sentido faz que a tua roupa,

Te assente bem como um vestido.

 

Que vestes com elegância,

Como que a pensar em mim,

Ao qual dás tanta relevância,

Como as flores dão a um jardim.

 

Olhos astutos, nariz e boca,

Como se quer de uma mulher,

A quem, mesmo que seja pouca,

Fica bem toda a que puser.

 

VII

 

Mando, pleno de emoção,

Um beijo que sei alcança,

Um lugar no seu coração,

Pondo-a a sorrir feito criança.

 

Leva daqui o carinho,

Que sinto sempre que a vejo,

Beijo que não vai sozinho,

Transporta com ele meu desejo.

 

Desejo de poder tocar-te,

Beijar antes de ir dormir,

Beijo que apenas faz parte,

Do amor que é feito a seguir.

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