Museu – Teresa Isabel Silva

Nós os lusitanos somos um povo agarrado ás nossas origens. Aliás alguns espécimes são mesmo agarrados a tudo e mais alguma coisa.
Estes espécimes são raros, mas já se espalharam um pouco por todo o mundo, tornando-se edições limitadas por si só.
Estas pessoas sentem uma forte necessidade de coleccionar tudo aquilo que consideram antigo. E tornam-se ainda mais coleccionares quando acham que um determinado artigo vai adquirir valor no futuro.
São estes espécimes, os maiores especialistas na criação de museus clandestinos. Esta espécie cria verdadeiros mecenas de autênticos relicários e altares religiosos. Dentro desta nova espécie existem alguns seres mais viajados que gostam de exibir as suas colecções transformando o carro num autêntico museu contemporâneo sobre rodas. Estes museus são facilmente detectados devido a obvia existência de objectos dependurados no espelho retrovisor. É também graças a estes objectos que conseguimos definir a temática do museu, senão vejamos: O museu pertence a algum adepto religioso quando este não resiste a ter dependurado um terço ou um santinho; estamos perante um museu de música quando o coleccionador coloca um CD dependurados no espelho (Alguém lhe diga que já existem os MP3 e 4…) ; ou então os mais estranhos de todos, quando virmos dependurado no retrovisor um bonequinho em forma de alien sabemos que estamos perante um maníaco da conspiração.
Mas não é só o espelho retrovisor que qualifica determinada viatura como museu… Os museus automóveis com qualidade de exibição de material tem sempre sobre a mala um cachecol da preferência clubista do condutor ou então um chapéu de palha referente a uma edição especial da ultima excursão ás termas de Lamego.
Estes são os vários museus disponíveis em todo o nosso país, alguns são importados no verão com a chegada dos emigrantes.
O importante a reter é que o preço destes bilhetes está constantemente dependente do custo dos combustíveis na altura da visita.

Crónica de Teresa Isabel Silva
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