Cascais, 13/12/2012 - Realizou se hoje a 68º edição do Natal dos Hospitais no Centro de reabilitação de Alcoitão em cascais. Catarina Furtado e João Baião ( Jorge Amaral / Global Imagens )

Natal dos Hospitais

Nos meus tempos de jovem, para mim o Natal e creio que para muitos de nós, tinha sempre o natal dos hospitais, com ele o saudoso Coro de Santo Amaro de Oeiras quase sempre a fechar, com o tema “A todos um bom Natal” pelo menos, é essa memória que tenho. Fazia parte do nosso natal aquele dia em que se pensava nos que estavam doentes nos hospitais e aquela tarde toda de música e outros, como comédia, circo, magia e por ai… é natal, até nos hospitais. Pelo menos nos hospitais que passavam na televisão naquele longo dia. Com a vinda das televisões privadas, o natal dos hospitais multiplicou por todos canais, como se fosse um vírus da bondade e não só uma vez, como muitas vezes, com essa bondade toda, chegou até o Natal dos estabelecimentos prisionais e outros mais! O que pode ser até um dia diferente para essas pessoas, tornou-se para nós uma praga. Horas e horas de música cada vez mais duvidosa, qualidade dos programas é básica, para não dizer outra coisa! São sempre as mesmas pessoas que vêm já dos programas de fim de semana. O que seria um gesto de solidariedade, tornou-se uma guerra das audiências, um lugar cheios de interesses que pouco ou nada tem haver com o espírito de natal, a não ser com uma falta de sensibilidade e de um mau gosto terrível!

“Quando a esmola é muita, o santo desconfia” já diziam os meus avós! É verdade, embora eu esteja um pouco dividido neste tema, mas com uma certeza. Tudo isto se tornou um espectáculo difícil de ver e até de aceitar. Até entendo que para as pessoas nessas condições, seja um dia diferente, mas isso não quer dizer que seja conteúdo para passar na televisão, embora sem essa condição, essa chamada de solidariedade não aconteça e por isso, eu olho para tudo isso uma exploração dessas pessoas em nome das audiências e de um espírito de natal cada vez mais banalizado. Já não é bondade e sim um negocio, que dá dinheiro a muita gente, menos aos que realmente estão nessas circunstâncias, que provavelmente ficam ainda mais sós depois de aquele circo de futilidades se vai embora. Falta saber se aqueles cantores do costume, que quase vivem nas televisões e muitos deles, sem um exito digno de nota. Não serão pagos pela sua solidariedade?… não estou a pôr em causa a boa vontade das pessoas, mas o que se vê é uma vaidade extrema nessas pessoas. Algumas até fazem o seu trabalho para ganhar a vida, que não está fácil para ninguém e outros por amor, mas sempre com pouca qualidade, salvo raras exceções.

Penso estar na altura de rever o formato de esses programas, inovar e pôr mais qualidade nas coisas, para o bem do Natal de todos nós