Nem tudo o que brilha é ouro – Teresa Isabel Silva

Cada vez, os ilustres lusitanos seguem as modas estrangeiras. Somos assim, desde que inspiramos a Europa para os descobrimentos. Depois de termos inspirado isso decidimos que estava na hora de sermos inspirados.
Mas infelizmente ao que parece nós ainda não conseguimos encontrar a inspiração que queremos seguir e como tal, andamos a experimentar as várias tendências que chegam até nós.
Se virmos bem, seguimos sempre as tendências da moda de Paris ou Milão. Seguimos as práticas políticas da Alemanha e não fazemos nada sem a opinião de Bruxelas.
Seja como for, nós, os pequenos e grandes “tugas”, conseguimos sempre adaptar uma moda para que ela nos sirva na perfeição.
Depois da América ter inventado o conceito de paranóicos da conspiração, nós, criamos os paranóicos laborais.
Esta nova raça de seres humanos que coexistem connosco no nosso local de trabalho deve-se ao facto de cada vez mais os nossos chefes chegarem ao seu posto hierárquico de maneiras um tanto ou quanto duvidosas o que nos faz questionar: porque é que aquele cérebro brilha tanto?
Lembrem-se meus caros leitores, muitas vezes os cérebros dos vossos chefes brilham mas nem tudo é inteligência… ás vezes são apenas cérebros bem polidos e maneáveis.
Quando os nossos chefes sofrem deste brilho nós podemos constatar que a curiosidade é um dos primeiros sintomas desta nova paranóia portuguesa. Depois seguem-se uma necessidade absurda de controlar tudo como se um bocejo fosse a maior ameaça do mundo aos seus poderes.
Os paranóicos laborais conseguem ainda meter o nariz em tudo, e principalmente meter o nariz onde não são chamados, geralmente os chefes são narigudos, para mais facilmente serem comparados com o pinóquio.
Esta nova categoria de paranóicos veio para ficar, e reproduzem-se muito rapidamente. Acreditem que é muito rápido, pois á velocidade com que se envolvem entre si, daqui a alguns anos, vamos ter no mercado de trabalho uma série de bastardinhos paranóicos que tentam manter o cérebro maleável num posto de trabalho muito além das suas capacidades.
Seja como for, temos que louvar Portugal, podemos ter uma raça de paranóicos que só serve para estragar a vida aqueles que trabalham, mas pelo menos tivemos a coragem de inventar alguma coisa que não serve para nada.


Crónica de Teresa Isabel Silva
Crónicas Minhas