“Nova mensagem: Mãe” – Maria João Costa

Aprender a escrever mensagens no telemóvel ainda é um desafio para muita gente. Para quem tem três anos pode ser tão instintivo como pedir para fazer xixi, já têm o polegar pronto a teclar, e antes da mães descobrir o sexo da criança, já ele ficava dividido entre um android e um Blackberry.

Mas para quem vive na casa dos cinquenta, para quem teve o primeiro de todos os telemóveis, para quem nunca teve necessidade de escrever uma mensagem, enfrentar o teclado é daquelas coisas que se deixa sempre para o dia seguinte, até que um dia …

Até que um dia a filha demora duas horas na casa de banho para colocar máscara de pestanas e para escolher um top para sair com as amigas, e é nessa noite que a mãe percebe que dava muito jeito enviar uma mensagem simples, mas imperativa: “Anda para casa”, ou “Não achas que estás a abusar”, “Já viste as horas?”.

Ligar pode não resultar, ela pode não ouvir, e responder à chamada não atendida pode ser embaraçoso, ou simplesmente impossível se estiver num lugar que até na casa de banho se pode montar uma pista de danças. Mas uma mensagem torna tudo mais fácil, para ambas as partes. E depois de aprender, ela, a mãe, já não quer outra coisa, e envia mensagens por tudo e por coisa nenhuma. Aprendeu, gostou e já se viciou, pelo menos no fim de semana, que é quando lha dá mais uso.

A filha, faz de conta que está a falar com um novo amigo colorido, as amigas não precisam de saber que mãe tem um novo hobby, e que precisa de praticar para melhorar … mas deve de haver alguém que preferia que ela não descobrisse que também é possível enviar mensagens multimédia com fotografias das malas à porta!

Crónica de Maria João Costa
Oh não, já é segunda feira outra vez!