O tratamento de infertilidade dado aos casais

Equiparo às pessoas com tendências fortemente suicidas, os Estados que trocam as medidas de apoio aos casais que sofrem de infertilidade mas querem ter filhos, pelos discursos demagógicos nas campanhas eleitorais, destinados a iludir quem espera sentado que haja um dia verdadeiras medidas de apoio à natalidade em Portugal.

Nos últimos doze meses, com a deslocalização dos recursos hospitalares para o combate ao Covid-19, muitas consultas e tratamentos de infertilidade foram canceladas e, com isso, afetadas de modo irreversível as vidas de dezenas de casais que tiveram de renunciar ao sonho de ter filhos. Pergunto se não será isto contrário ao propósito anunciado de estimular o aumento da população e, numa política de aproximação às pessoas, promover o bem-estar de quem um dia sonha engravidar e no outro já se imagina com um bebé ao colo.

A muitos destes, que confiaram na possibilidade de um tratamento bem-sucedido e agora se veem frustrados, o Estado se encarregou de mostrar que, por vezes, tem tanto valor a palavra de um político, como ajudar a elegê-lo para um cargo pensando que se estava a fazer alguma coisa de jeito.

A certos membros deste Governo eu jamais compraria um carro em segunda-mão, mas compete a cada um saber em quem pode e deve confiar, quer seja o segredo duma receita, um bom palpite pró boletim do Euro milhões, o código do MB ou mesmo o esconderijo daquela chave de casa que tinha a mania de esconder debaixo do tapete.

Recentemente a ministra da Saúde anunciou que daria explicações, mas como pode alguém explicar aos casais, que iniciaram tratamentos mas não puderam terminar, que está na hora de desistir do sonho de constituir uma família e atirar com a toalha ao chão? Talvez com um sorriso e bom senso igual ao dos responsáveis que juram a pés juntos, porque um estudo assim o aponta que o Covid-19 não se apanha nos transportes públicos; ou de quem pede novamente aos portugueses que sejam solidários, depois de ter corrido tão bem a distribuição dos bens oferecidos às vítimas dos grandes incêndios de 2017.

Mais do que em benefício da vida, o Governo legisla a favor da morte. Ainda agora, em conluio na Assembleia da República, aprovou com base numa maioria negativa, uma lei da eutanásia que propõem dar um final de vida digo a quem sofre, aos que vivem deprimidos e sem alento, como aquelas pessoas a quem o Estado se atreve a roubar a esperança de forma ainda mais infame do que se fosse à conta duma pessoa e retirasse todo o ordenado para pagar um imposto antigo ainda por cima pertencente a outra pessoa.