off-line

Ainda nasci no tempo em que não havia telemóveis, fazer uma chamada ou tirar uma foto era um luxo. Hoje apesar dos preços absurdos da tecnologia, tudo isso se tornou tão banal e até fomos mais longe do que os nossos pensamentos imaginariam. Longe vão os tempos em que o contacto físico era permanente, não podíamos dar um recado a alguém sem lá ir, ter de o olhar nos olhos, apertar a mão. Algo que hoje evitamos com uma mensagem,ou seja só abraçamos quem queremos, teoricamente… Porque a outra pessoa pode nos evitar com uma mensagem. Em resumo, nas vontades de cada um, acabamos por estarmos mais sós fisicamente no nosso cantinho e a vida passa muito por um lugar virtual. Claro que ainda abraçamos muito, ainda convivemos muito! Só falta saber, até quando… Será que estamos preparados para o que ai vem, sem renegar o ser humano que somos e o nosso lado animal? Não quero ser extremista, eu não vivo sem o meu smartphone e sou viciado em tecnologia, não sou daqueles contra tudo.

Mas sabendo muito do que vem por ai e nós sabemos que na tecnologia, o saber muito do que vem por ai, é não saber nada! Porque virá muito mais do que sabemos. Este texto veio-me de coração, depois de ver uma notícia num canal da televisão espanhol, onde vários jovens em Barcelona se concentravam junto das lojas de uma famosa marca de smartphones para conversar, trocar ideias e ouvi dizer: “estas são as nossas igrejas”, pensei a sociedade está decadente e com os valores invertidos. Não sou religioso, mas também não sou tão desumano ao ponto de expressar a felicidade, com um “hoje me sinto a fullHD”…

Comecei a pensar nos “k” terá a imagem real que os nossos olhos vêem, quantos “giga” terá o nosso amor? Quanto vale a nossa vida real e quanto vale a nossa morte, um dia poderemos desistir dela para viver na rede… Ai teremos de pensar em linguagem das máquinas, dar um link a uma mulher com acesso directo ao nosso coração, amar sem tocar. Talvez um dia o ser humano já nasça dentro da rede e nunca saberás o que é estar off-line…
Penso que passei um pouco do limite da minha imaginação, mas um dia isso será possível e ai teremos de escolher, ser máquina ou ser humano, se pudermos escolher…

Observação: Hoje ainda pudemos escolher!