Quadras p’lo Santo António

I
Esta noite eu pra ter
muito amor e alegria,
há um Santo de quem vou ser,
devoto até raiar o dia.
Santo muito popular,
capaz de dar-me o que eu quero,
que é esta noite dançar,
com quem há tanto tempo espero.
António é como se chama,
mas por Toninho é chamado,
pelo povo que dele só reclama
ter um só dia no ano a ele dedicado.
II
Há um Santo de quem se diz
que gosta a pingar no pão,
duma sardinha que condiz
com a água que sai do garrafão.
Gosta de sardinha assada,
e ver no beiral da janela,
na casa da namorada
um manjerico e a quadra mais bela.
Em junho a treze se festeja,
em Lisboa e em todo lugar,
aonde haja festa e uma cerveja
que me queira para seu par.
III
Pelos Santos populares
uma amiga minha faz anos,
de nome Líria mas se não gostares,
dá-lhe outro que na mesma gostamos.
Não a acho alta nem baixa,
a modos que me parece,
uma sandália fina que calça
bem, no verão com um vestido leve.
Suave pavilhão da aurora,
que vem dar-nos os bons dias,
com o ar de quem pela vida afora,
mais que mágoa terá alegrias.
IV
O meu Santo padroeiro
pra fazer jus à tradição,
de quem ama põe em primeiro
lugar, o pedido em oração.
Mas por preferir a quem ama,
não quer dizer que não faça,
a quem, não sendo por amor que o chama,
um milagre em que no fim não se casa.
Ai se eu te contasse meu Santo,
tudo o que me vai no coração,
ficavas dela a gostar tanto,
que a ti não dizia ela não.

 

FIM