Uma Quinta Urbana no Porto

Por vezes, enquanto caminhamos pela cidade “Invicta”, encontramos edifícios quase incólumes aos tempos. Escondido na área do Viso, pertencente à freguesia de Ramalde, situa-se a Quinta do Rio, uma quinta urbana setecentista (1746-1758), avistada perto da circunvalação e de bairros sociais dentro do Viso e na Travessa de Requesende. Propriedade foreira do Marquês de Abrantes e Fontes que, em 1759, Manoel da Silva Guimarães adquiriu, através de um arrendamento perpétuo de bens, chegando a investir cerca de um conto e quatrocentos mil réis na habitação e espaço envolvente no Viso. O espaço situado no Viso (outrora, chamado Monte do Viso), pertencia ao Marquês de Abrantes e de Fontes, o proprietário de algumas habitações dali, conhecidas como Casal do Moinho. As habitações eram compostas por um total de nove casas de famílias aristocratas que possuíam economias e bons imóveis dentro deste meio rural. A estrutura comporta um conjunto de casas, envolvendo capela, andares com decoração nobre e espaços habitacionais para caseiros que sofreu obras de reabilitação no século XX, na década de 90. A parte superior do portão de ferro, contém duas cartelas vazadas com as iniciais “Manoel da Silva Guimarães (terceiro) “.

A casa está envolta por um muro de granito, sendo sustentada por pináculos decorativos. De carácter tipicamente agrícola e rústica, a fachada principal é composta por piso térreo e um andar, com escadaria em direção ao alpendre. No piso térreo, existia a cozinha, cortes do gado, lojas e outras dependências de cariz doméstico. Uma divisão intermédia fazia ligação com o sobrado (onde ficava a cozinha e sala de jantar), através de uma escada em pedra de um só lanço e fechada por alçapão. A capela (1764), símbolo icónico da casa, é em honra de Santo António e possui apenas uma nave. O portal desta é composto por pilastras em granito que terminam em voluta junto à base. Contém dois óculos polilobados, um em cada lado e rematados por folhas de acanto, com a seguinte inscrição: ESTA CAPE/ LA MANDOU / FAZER O CAPITAM/ MANOEL DA SILVA GUIM(arães)/ 1764. A conclusão desta obra foi da autoria do segundo herdeiro, entre 21 a 26 de Junho de 1796, através de vários empréstimos para poder pagar a sua ampliação.