Simpatia QB – Teresa Isabel Silva

Considero extremamente engraçada a simpatia fingida. Mas pior que a simpatia fingida só mesmo aquilo a que eu chamo de simpatia religiosa.

Por simpatia religiosa entendem-se todos os tipos de saudações que as pessoas fazem quando no vêem junto à porta de uma igreja.

Quer dizer, passam por mim quase todos os dias e se me derem um ligeiro sorriso já vou com sorte, mas se por algum motivo me virem á porta da igreja, soltam logo uma saudação. Eu pergunto-me quais são os critérios que estas pessoas usam para saudar outra pessoa?!

Pessoalmente, considero que isso tudo é porque estão na casa de Deus. Já manda a etiqueta á muitos anos, que nas casas dos outros temos que ser educados… talvez seja por isso que nessas alturas essas pessoas até me dirijam as palavras. Ou é isso, ou então é medo que Jesus as esteja a ver e a julgar!

Outra coisa que eu detesto nesta coisa da simpatia fingida, são as pessoas que passam a vida a dar beijinhos. Chegam e enchem toda a gente de beijos, mesmo que isso implique interromper uma conversa, e mesmo que isso seja extremamente aborrecido.

É ainda mais abominável, quando a pessoa que se dirige para nos dar um beijinho, nunca me viu mais gorda. Quer dizer o aperto de mão existe por algum motivo, e na minha opinião uma saudação com dois beijinhos na cara só deve de acontecer quando existe uma certa confiança entre as pessoas.

É óbvio, que depois lá fico eu constrangida por ter que dar um beijinho a uma pessoa desconhecida, que em determinadas situações até nos deixa restos de baba na cara.
Mas isto tudo vem de uma educação muito bem pensada. Quem não viu um pai ou mãe babados a dizer “Vá Joãozinho, vai lá dar um beijinho á senhora…” e depois lá obrigam a criança, que por bom senso, não quer dar beijos a quem não conhece.
Toda esta minha teoria só comprova que até no bom senso as crianças estão um passo à frente dos adultos. Que mania esta de querem impingir a simpatia aos outros, e fazer com que eu me sinta na obrigação moral de ser bem-educada e de retribuir.

O “olá” é uma das palavras mais bonitas do mundo, talvez aquela que abre mais portas na vida, não estraguem tudo com a necessidade crónica de manter contacto físico!

Crónica de Teresa Isabel Silva
Crónicas Minhas