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Sindicato “bom” e sindicato “mau”

Toda a acção dos sindicatos em geral seria de louvar se tivesse como único vector, único propósito, a defesa dos direitos laborais dos seus filiados. O problema é quando alguns sindicatos e centrais sindicais põem a sua agenda politica antes do interesse dos trabalhadores que para eles descontam mensalmente.

Recordo-me de quando a greve era o último recurso, quando todos os outros – inclusive várias rondas de negociações – tinha falhado. Hoje em dia em muitos casos extremam-se posições desde o inicio e parte-se directamente para manifestações e greves. O que tornou as greves banais, com a consequente perda de significado.

Pior que isso é quando os dirigentes sindicais se esquecem que para haver emprego, tem de haver empresas. E tomam decisões por certos métodos de luta que prejudicam gravemente a estabilidade dessas mesmas empresas. Derrubar empresas é precisamente o contrário do que será, com certeza, um dos principais objectivos dos sindicatos: a manutenção dos postos de trabalho.

Mas algumas centrais sindicais e sindicatos acham mais importante fazer, muitas vezes, de partido da oposição, do que tentar acordos, de forma a defender os trabalhadores mas, ao mesmo tempo, não por em causa a estabilidade das entidades patronais. O tempo das “vacas gordas” já era. E as empresas vivem momentos complicados nos tempos que correm. Provocar danos irreversíveis nas empresas com manifestações e greves frequentes pode, em certa medida, afectar a imagem do governo, mas não contribui para a manutenção dos postos de trabalho.

Ceder nalguns pontos em acordos laborais não é um sinal de fraqueza. É um sinal de inteligência. É fazer o que é necessário para manter o “ganha pão” de todos os trabalhadores, o seu posto de trabalho. Um acordo é feito de cedências de parte a parte. Não se deve ceder sempre, mas deve-se sempre ter sempre os direitos dos trabalhadores e a sua subsistência em mente, em vez de uma teimosia absoluta. Isto vale, obviamente também para as entidades patronais.

 

Crónica de João Cerveira