Treinadores portugueses têm Pedigree de campeões

O que é nacional é bom. Uma frase tantas vezes ecoada nas mais diversas casas do país, tanto aludindo à farinha – Nacional de seu nome -, como quando urgia a necessidade de se referirem ao orgulho em serem portugueses. Desde a farinha ao farelo, desde o pastel de nata à nata da cultura, o futebol vem sendo, de ano para ano, de dia para dia, de hora para hora, o principal – ou um dos principais para os que se dizem demasiado cultivados intelectualmente para apreciar desporto – motivo para nos valorizarmos, nos  congratularmos e orgulharmos.

Na semana passada, uma notícia saída no Diário de Notícias, fez alusão ao facto de que Portugal pode, mais uma vez, fazer história. Não com Viriato e as suas ovelhas, com Afonso Henriques e a tareia que deu na mãe ou mesmo com a Padeira de Aljubarrota e a sua famosa pá, não. A história passa pela presumível conquista de 5 Ligas Europeias, por 5 treinadores portugueses. Portugal poderá mais uma vez elevar o seu nome, colocar a sua bandeira no topo do futebol Europeu e andar, como tem sido costume, nas bocas do mundo no que ao futebol concerne. Será um feito ao alcance de poucos, será ainda um feito que reitera a preponderância de um “país à beira-mar plantado”, no futebol mundial.

Os nomes dos possíveis vitoriosos nos seus campeonatos são: Mourinho, pelo Chelsea; Vitor Pereira, pelo Olympiacos; Paulo Sousa, pelo Basileia; Villa-Boas, pelo Zenit; Jorge Jesus, pelo Benfica. Todos eles portugueses, todos eles com provas dadas e todos eles com possibilidade de levantarem o troféu mais importante nos respectivos países. Comecemos pelo maior de sempre: José Mourinho. Mourinho, mesmo tendo piorado algumas das suas capacidades relativamente à forma como a sua equipa se apresenta em campo, deixando algumas das suas exibições muito a desejar, está a um passo de se voltar a sagrar campeão inglês, algo que não é novo para si e que o voltará a repetir no seu clube de coração: o Chelsea. Neste momento, a 6 jornadas do fim, lidera com 7 pontos de vantagem e com um jogo a menos, o título só lhe fugirá se uma catástrofe acontecer. Passado José Mourinho, é hora de falarmos do homem que sabe mais de futebol do que sabe falar inglês, ele é, claro está: Vitor Pereira. O treinador que “fala sempre a verdade” e que gosta de provocar os adeptos adversários, está a fazer furor no berço da civilização. Na Grécia, não há Deus que valha aos adversários do Olympiacos , que são quase sempre dominados e vencidos. Tanta qualidade do técnico português, que esteve bastante tempo sem treinar após a sua aventura no Médio Oriente, só podia dar em 8 pontos de vantagem com menos um jogo e com apenas mais 4 pela frente. É obra. Visto que está o verdadeiro homem destemido do futebol português, é tempo de passarmos à análise do treinador que levou a que Vítor Pereira surgisse na ribalta, ele é, claro está: André Villas-Boas. O outrora moço de recados de Bobby Robson, está finalmente a voltar ao trilho de sucesso que lhe foi traçado desde novo. Após algumas experiências falhadas em Inglaterra, foi tempo de apostar no frio soviético e treinar o Zenit. A aposta não podia ter sido melhor. O Zenit está em 1º lugar com 8 pontos de vantagem sobre o 2º classificado e a 7 jogos do fim do campeonato. Uma clara demonstração de qualidade da sua parte e de supremacia da equipa de São Petersburgo. A Liga está quase no seu bolso. Antes de vermos o mister filho de Deus, é tempo de vermos alguém que, além de ter tido a melhor carreira enquanto jogador dos presentes neste texto, merece também uma distinção enquanto timoneiro. Paulo Sousa está a fazer uma carreira de sucesso em diversos países e em clubes com alguma qualidade. Uma progressão sustentada e um caminho bem trilhado. O Basileia está com uma liderança cimentada e bom exemplo disso são os 10 pontos de vantagem. A equipa mais famosa do país suíço, verá o seu extenso museu contar com mais um troféu. O mérito tem de ser dado a Paulo Sousa, sobretudo pela sua óptima prestação na Champions, competição na qual ganhou ao Liverpool.

Por fim, e tendo mesmo de ser destacado dos restantes, temos um dos melhores treinadores portugueses que tem tanto de pretensioso, como de bom treinador, falamos do único português, presente no texto, que treina em Portugal, é ele: Jorge Jesus. O mister pastilhas – ou “chiclas”, se preferirem -, é o que está na pior situação relativamente a todos os outros. O Benfica está só a 3 pontos de vantagem e ainda vai jogar com o 2º classificado, o Porto. Aliado a tudo isto, Jesus é ainda especialista em perder vantagens grandes a poucos jogos do fim. Isso e em perder jogos nos descontos, o que leva os seus adeptos à loucura. Contudo, o Benfica tem sido demolidor em casa, sendo uma das equipas mais avassaladoras da Europa a jogar no seu terreno. Esse facto será crucial na sua caminhada rumo ao 34º campeonato. Qualidade não falta a Jorge Jesus, nem no plantel, nem em si mesmo, porém, a sua insistência em manter-se no Benfica após todos os incidentes passados, poderá ser madrasta e castigá-lo, mais uma vez, com um deserto de títulos só atenuado pela, já habitual, Taça da Liga. Veremos como se safa o denominado “catedrático do futebol português” nestas últimas 6 jornadas da Liga Portuguesa.

Assim vai o panorama dos treinadores portugueses. Os emigrantes portugueses mais desejados do mundo, os timoneiros nacionais estão a cair cada vez mais no goto dos fãs de futebol a nível mundial. Mourinho quase que abriu um precedente – ou voltou a abri-lo – e os restantes foram cimentando ainda mais a boa imagem que se foi criando à volta dos líderes de balneário provenientes de um país que tem 10 milhões de pessoas. Esse mesmo país que tem o melhor jogador do mundo, o melhor empresário do mundo, um dos melhores treinadores do mundo, um candidato à presidência da FIFA e, quiçá, um feito histórico só ao alcance de poucos. Imaginem se tivéssemos 20 vezes mais habitantes. É tempo de dar valor ao nosso país, às nossas conquistas, à nossa história. Os treinadores portugueses têm pedigree de campeão, e a sua linhagem é de raça pura.