Trocathlon – Trocamos a sua chucha por uma bicicleta.

Continuação

Mas foi sol de pouca dura…

Eram 6h da manhã e a criança acordou. Queria a chucha. A malfadada chucha. Aquela chucha que tínhamos decido que estava na hora de desaparecer. A chucha que todos os dias a acalmava e ajudava a dormir… O objecto que tantas vezes nos salvou de darmos em doidos, porque sem ele não conseguiríamos acalmar a nossa filha. O que é que nós tínhamos feito meu Deus, o quê!?!

Seis da manhã, seis, seis, SEIS!!! Eram 6h00 quando ela acordou e não queria dormir mais. E nós sem a chucha para a convencer a dormir. Tentámos explicar-lhe que era cedo. Que ainda era de noite, que os amigos (aka os peluches que dormem com ela) ainda tinham sono mas nada funcionou. A pipoca dizia que não tinha mais sono e queria ir comer. Raios ma partam… Porque diabo tínhamos nós, pais, decidido tirar-lhe a porcaria da chucha?! Ela só tem 3 anos, podia muito bem ficar até aos 4 ou 5… ou 20! Mas pronto agora não havia volta a dar, estava decidido e não íamos ceder.

Levantámo-nos, comeu, vestiu-se e foi brincar. Sempre muito bem disposta. Aquela criança que na noite anterior parecia possuíuda pelo Demo era agora um pequeno anjinho bem disposto. Perguntou se podíamos ir andar na bicicleta. Dissemos que sim. Andou, toda feliz e contente, e no fim ainda nos disse: “Já não uso chucha. Agora tenho uma bicicleta!”.

“Foi só a primeira noite. Um caso isolado.” – pensámos nós. Ai que enganados que nós estávamos…

Durante todo o dia o tema chucha não veio mais à baila. À tarde fomos passear, dormiu durante o passeio, no carro, sem chucha como habitual, estávamos mesmo convictos que esta noite seria melhor. Até que chegou a hora de deitar para dormir…

“NÃO QUERO IR DORMIIIIIR! NÃO! NÃO! QUERO PAI COMIGO! QUERO A MÃE! QUERO OS AMIGOS! QUERO…QUERO…QUERO…quero…«buááááá»…quero a chucha… a minha chucha…«buááá».”

Mais de 30m deitados junto dela até que se deixasse dormir. Felizmente para nós tínhamos aberto a cama, visto que a prima ia lá dormir em casa, mas se 1,60m de colchão é enorme para duas crianças o mesmo não se pode dizer quando somamos dois adultos à equação, parecíamos quatro sardinhas em lata. Até que lá acabou por adormecer, pelo menos até às 5h00, quando um grito nos despertou do sono e tivemos de a ir resgatar ao quarto em prol do sono dos primos. Chorou, pediu a chucha, chorou, disse que estava triste, que não queria mais a bicicleta, até que com muitos, muitos mimos lá se acalmou e acabou por adormecer junto de nós.

O segundo dia foi mais ou menos como o primeiro… Andou de bicicleta, dormiu a sesta sem chucha e não falou na dita cuja durante o dia. Quando chegou a noite apareceu lá em casa o Artur Albarran e tivemos mais um episódio do “…drama…da tragédia…do horror! Foram imagens reais…”

O terceiro (já sem os primos em casa) por estranho que possa parecer foi o melhor. Contámos-lhe uma história, deitámo-nos junto dela até adormecer e fomos embora. Dormiu a noite toda! (Se bem que às 4h30 um de nós tenha sido requisitado para se deitar junto dela…).

A partir daí a coisa tem vindo sempre a melhorar. Posso dizer que hoje, passado 3 semanas, já adormece sozinha. Só aborda o assunto “chucha” quando é para informar, orgulhosamente. que já não a usa. Que é crescida, que tem uma bicicleta e que brinca com as plasticinas! Finalmente encerrámos este capitulo, palmas para nós e, acima de tudo, palmas para a nossa filha que superou relativamente bem a sua primeira grande perda da vida.

Portanto amigo leitor, retiro o que tinha dito anteriormente, a melhor altura para retirar a chucha é mesmo aos 3 anos. Vá por mim… Antes disso eles (ou nós, talvez mais nós que eles) ainda precisam da chucha e mais do que isso começa a ser prejudicial.

Até para a semanaaaaa!

Nota adicional: Um dia depois de ter escrito este artigo fui contactado por um funcionário da Decathlon a informar que a minha filha tinha ido até lá, de bicicleta, para tentar trocar de volta pela chucha. Segundo consta ela ouviu que estava a decorrer a Trocathlon e estava na esperança de poder recuperar a sua amada chucha. Ai! Ai! Pai Sofre!