Será que estamos finalmente a aprender a conduzir? Recentemente, chegaram-nos notícias felizes acerca da redução da sinistralidade automóvel em Portugal. Menos acidentes, menos mortos e menos feridos.
Talvez o feliz fenómeno tenha diversos fatores que o originaram mas, por enquanto, não colocaria num dos principais o repentino “ataque de civismo” que se apoderou dos condutores portugueses.
Enumeraria fatores como 1) a melhoria da segurança dos automóveis e do parque automóvel português; 2) a melhoria das estradas portuguesas; 3) a crise financeira e económica que 3a) retirou das estradas muitos portugueses devido à necessária poupança e 3b) redução da velocidade média dos condutores também com vista à poupança; 4) campanhas de sensibilização e prevenção do acidente rodoviário; 5) inspeções obrigatórias.
Continuamos todos os condutores conscientes e respeitadores a deparar-nos diariamente, principalmente nas nossas cidades, com práticas e atitudes de condução que nos fazem perguntar-nos a nós próprios “onde á que este gajo tirou a carta?” ou “será que tem carta?” ou “saiu-lhe a carta na farinha amparo” e por aí em diante.
Por isso, como condutor experiente, consciencializado e capaz de analisar, como me considero felizmente, aproveito para recordar algumas situações e “pormenores” que muitas vezes não o são de facto, e são fatores essenciais para uma condução responsável e respeitadora e que conduza a uma ainda maior redução dos acidentes nas estradas e nas cidades e vilas.
Não necessariamente por esta ordem de importância:
– Os sinais vermelhos dos semáforos e o STOP servem para o condutor parar;
– O sinal laranja dos semáforos não servem para acelerar, mas sim para reduzir a velocidade, porque irá passar para vermelho;
– Quando nos semáforos dos peões passa para sinal vermelho, isso não significa que os condutores podem avançar, pois apenas o podem fazer quando o “seu” semáforo passa a verde;
– Quando os semáforos se encontram em amarelo intermitente, passa a funcionar a sinalização vertical, se existir;
– No caso anterior, caso não exista sinalização vertical, funciona a regra da prioridade;
– A regra da prioridade diz que, num cruzamento ou entroncamento sem sinalização, tem prioridade o condutor que se apresentar pela direita;
– Todos os veículos possuem pelo menos 4 luzes laranja que se designam por “luzes de mudança de direção” – vulgo “piscas”, que podem e devem ser utilizadas sempre que o condutor queira 1) mudar de direção, 2) mudar de faixa de rodagem – inclui rotundas, 3) efetuar uma ultrapassagem, 4) no geral, indicar aos outros condutores as suas intenções de efetuar esse tipo de manobras;
– Nunca em caso algum “ligar os 4 piscas” autoriza o condutor a parar ou estacionar quando quiser e onde lhe apetecer – essas luzes utilizam-se em caso de avaria, acidente, cargas e descargas em locais permitidos, luzes de emergência ou luzes de alerta a outros condutores para a existência de algum perigo na estrada ou redução drástica de velocidade;
– Não faça manobras repentinas sem que previamente tenha demonstrado as suas intenções;
– A buzina não serve nem para protesto, nem manifestação, nem para cumprimentar alguém, apenas serve como sinal sonoro de emergência;
– Num cruzamento ou entroncamento no qual não tenho prioridade, não me devo “meter” para obrigar o condutor com prioridade a dar-me a vez, deve-se sempre aguardar que o condutor com prioridade passe ou nos dê passagem em forma de cortesia – portanto, a cortesia não é obrigatória, é facultativa, mas atenção que também pode provocar acidentes;
– Em rotundas sem sinalização que dê prioridade a alguma das vias – o que é o mais comum:
1) tem prioridade que primeiro chega à rotunda e não quem vem em “procissão” e aproveita-se para não deixar os outros condutores entrar;
2) quem pretende sair na primeira saída, deve tomar previamente a via mais à direita;
3) quem pretende sair numa das seguintes saídas, deve tomar a via central ou mais à esquerda e, dentro da rotunda, ir tentando aproximar-se progressivamente da direita até encontrar a via que pretende;
4) no caso anterior, se houver muito tráfego dentro da rotunda e não conseguir à primeira volta aproximar-se da saída pretendida, o condutor não deve “atravessar-se” a qualquer custo, mas continuar a circular dentro da rotunda, até que o consiga de forma segura;
5) à entrada de uma rotunda, há condutores que pensam que, por circularem numa via mais movimentada, que isso lhes dá prioridade de passagem, o que não é verdade, uma vez que, geralmente, os sinais verticais à entrada da rotunda são iguais para todas as vias;
6) é proibido circular na faixa exterior, salvo no troço imediatamente anterior à saída que vai tomar;
– Num cruzamento ou entroncamento, se pretender virar à esquerda, desde que seja permitido, deve aproximar-se do eixo da via, anunciar com o pisca a sua intenção e dar prioridade a quem circula em sentido contrário;
– O condutor deve verificar com frequência o estado geral das luzes, para que possa fazer-se reconhecer em qualquer situação;
– Com nevoeiro devem utilizar-se a luzes médias;
– Não se podem utilizar luzes de nevoeiro apenas para dar nas vistas, mas se isso for de facto necessário à segurança na circulação;
– Condutores fumadores, não podem mandar o cigarro janela fora;
– Qualquer ocupante do veículo não deve deitar fora pela janela qualquer objeto;
– Se andar devagar, deve fazê-lo pela faixa da direita;
– Se anda à procura de algum lugar, não o faça de carro em andamento, mas pare o carro e faça-o ou pergunte a alguém, mas a pé – se vai a um lugar desconhecido e não tem GPS, pesquise o percurso previamente (no Google Maps, por exemplo);
– Dentro das cidades, dê prioridade aos autocarros que pretendem sair dos seus locais de paragem;
– Não estacione:
1) em segunda fila;
2) de forma a que, com o seu estacionamento, provoque que os outros condutores tenham que cometer alguma infração para evitar o seu veículo;
3) em cima das passadeiras;
4) nas paragens para autocarros, elétricos e táxis;
5) nos locais destinados a condutores portadores de deficiência, sem estar permitido e identificado;
6) nos locais destinados a parqueamento para veículos de entidades identificadas;
– Por fim, em caso de se deparar com a estupidez ou a má condução de outro condutor, não seja mal criado nem agressivo, mantenha uma postura sóbria e pedagógica;
– Em caso de acidente, se estiver em condições físicas para isso, primeiro faça sinalizar-se com o colete refletor, o triângulo de sinalização de perigo, mantenha a calma, mantenha o diálogo com o(s) outros(s) eventual(ais) condutor(es), chame as autoridades e sugira o preenchimento da declaração amigável de acidente para ajudar as seguradoras a resolverem o assunto sem problemas nem ambiguidades.
Muitas outras coisas poderia ainda acrescentar, mas penso que estas poderão ser as que manifestam menor nível de civismo e até de bom senso!
Espero ter ajudado!
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