A velha que se atirou ao mar por amor

O amor é lindo, diz o ditado, soa a foleirice, pelo menos para mim. O amor é fodido, como escreveu Miguel Esteves Cardoso já me parece mais real. Eu que já acreditei mais no amor verdadeiro, nos príncipes encantados e nas princesas, sem esquecer o épico viveram felizes para sempre, eu que não sou apologista de sofrer por amor ou fazer sacrifícios em nome do amor, fico sempre encantada quando ouço e leio estas historias da vida real, sobre este tão desejado sentimento: o amor!

Vou contar a historia ( na minha versão pois claro ), que nestes últimos dias anda na boca do povo, até porque há que distrair a malta das noticias a sério e realmente importantes…

Era uma vez…uma velha maluca e um velho carcaça, ingleses, 65 e 69 anos respectivamente, reformados, decidiram passar quatro semanas em alto mar, a bordo de um cruzeiro, com inicio nas Caraíbas e a terminar em Lisboa ( eu viajo em cruzeiros todos os anos, compreendo que estar em alto mar um mês é muito complicado, alias eu prefiro trabalhar do que fazer ferias e ainda por cima num cruzeiro, que horror! Realmente é um transtorno e causa problemas graves na mona ), claro que, não podem fazer uma típica lua de mel, igual à que eu tive, que era todos os dias e a toda a hora, a idade pesa, já não se pode fazer o pino nem a espargata com 65 anos, muito menos andar a cavalinho. Também sei que aturar uma velha maluca, que está com um transtorno psicótico grave não é para qualquer um..,estou reformado, trabalhei estes anos todos, fiz sacrifícios, muitos ovos mexidos, bacon e leite com chá ao pequeno-almoço, e agora que quero curtir a vida, fumar uns charros até quem sabe, tenho de aturar esta velha chanfrada, foda-se, tenho dinheiro mas não tenho sossego, puta que pariu a minha sorte! Quando o cruzeiro atracou no porto de Funchal, este lindo casal, fartos de discutir em plena viagem, resolvem cada um ir à sua vidinha, finito, não dá mais, cada um dá de frosques, andor, não te posso ver mais à frente. O velho enfiou-se num avião rumo a Bristol, Inglaterra, a velha que julgava que o marido teria embarcado novamente no cruzeiro, não tem mais nada, agarra a sua malinha de mão e atira-se ao mar…o quê? Está tipo a 500 metros de mim o paquete, dou duas braçadas chego lá em dois minutos, Chiquinho! Chiquinho! Quando o vir, vou lhe dar dois estalos que ele vai ver o que é bom para a tosse, velho sonso. O homem mal imaginava que, no conforto do seu avião e, seguidamente, no conforto do seu lar, a sua querida esposa ( chata mas querida ), estava a boiar em pleno mar. Esta historia de amor de terceira idade podia ter tido um final infeliz, mas não teve ( oh que pena ), a velha não morreu, mas coitada está uma lástima, já dizia a minha avó, tens idade para ter juízo. A velha teve a sua segunda oportunidade de vida, é bom que a aproveite, de preferência com muito amor, mas não precisa de ser amor louco.

Não se preocupem leitores, eu jamais me atiraria ao mar por amor, podem ficar descansados.