Vulcão Adolescente – André Marques

A adolescência deve ser tudo, menos entediada. Foi assim que a vivi, como algo desafiador, uma espécie de transição tocante para o futuro. De todo lamentável. A adolescência é uma era de imaturidade em pesquisa da maturidade. Extremamente simples.

O amor é um pelejo árduo, já o disse várias vezes. Aqui. É como uma prova perigosa incutida pelo Fear Factor. Existe a descoberta, o profundo sentimento, o acometimento noutra pessoa. Factos, estes, que tornam o jovem seguro de si mesmo e com um determinado nível de poder adulto. Mas tudo não passa de um jogo. Por vezes cruel. Repetitivo.

Os adolescentes são dominados pelos sentidos, o que faz com que ao longo do tempo tenham enormíssimos sentimentos de perda e queiram viver o galanteio mais energicamente. Apesar da desordenada mistura por vezes muito comentada, os miúdos apenas querem deslumbrar uma grande paixão. Arrebatadora. Única. O tempo não perdoa. Prefere passar a perdoar. E com o tempo, aumenta o apertamento e a perda. Como se o tempo fosse amigo de alguém. Que idiotice tão grande. E depois, vem a frustração. Chega rápida, instala-se confortavelmente no sofá e aí permanece, estática, a causar estragos.

É importante focar o parágrafo anterior. Há jovens que cometem o suicídio ou crimes hediondos por não terem conseguido obter o sucesso nos seus relacionamentos. No entanto, também existem primazias. O amor adolescente assemelha-se a um vulcão enfurecido, inspira músicos, pintores, poetas, compositores, cineastas. Como é o caso de Lana Del Rey e o seu imponente Born To Die.  

Don´t make me said/ Don´t make me cry/ Sometimes love´s not enough/ When the road gets tough/ I don´t know why/ Keep making me laugh/ Let´s go get high/ Road´s long, we carry on/ Try to have fun in the meantime

A adolescência é uma fase de malabarismos. De duplicidades. De versatilidades. Trapezistas de corda bamba. Artistas de circo. Como diz Margarida Rebelo Pinto. Eles carregam nas costas a segurança do relacionamento, por isso, não aceitam conselhos de ninguém. Mas, com o passar do tempo – mais uma vez o tempo a retomar a liderança – percebem que tudo não passou de algo passageiro. Como um avião silencioso que passa sobre as nossas cabeças. Sabemos que ele está lá em cima, mas não o ouvimos. Ou não o queremos ouvir. Descobrem que o mundo afinal não é feito de algodão doce nem as pessoas são feitas de farturas repletas de açúcar. A vida não é uma feira popular, embora muitas vezes pareça uma montanha russa.

Quando o jovem inicia o amor, inevitavelmente, afasta-se dos amigos. E quando o amor termina, a dor é devastadora e sempre associada ao sentimento de culpa.

Os jovens que me perdoem, mas quando estiverem interessados em alguém, sejam do tamanho do amor que sentem pela outra pessoa e procurem falar com os vossos pais. Todos os porquês são importantes. É o vosso futuro que está em jogo. Lembrem-se sempre. E há males irreparáveis. Um erro do passado pode perseguir-vos para o resto da vida. Sejam palermas. Sejam sonhadores. Sejam irresponsáveis. Sejam as vidas que querem ver em vocês. Sobretudo, sejam vocês mesmos. A personalidade própria é impagável.

AndréMarquesLogoCrónica de André Marques
Crónicas Improváveis
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