Ainda é permitido festejar – Maria João Costa

Para muitos apagar as velas é o pior momento do ano, apagam a data de nascimento do perfil do facebook, fazem de tudo para ninguém se lembrar que há qualquer coisa de especial naquele dia, querem ver no espelho a mesma pessoas de há dez anos atrás. Pronto, isto acontece às tias cascais que não mudam o número da vela há nove anos, mas também acontece aos “tios” que têm mais cremes anti-rugas do que qualquer mulher de quarenta anos.

Há quem prefira ficar suspenso na idade, mas não é aos trinta e cinco que isso devia de acontecer, os vinte cinco são idade que marcam a reviravolta, que marcam a vontade de não querer festejar o aniversário. Depois dos vinte e cinco está (quase) tudo perdido.

Antes dos vinte e cinco é permitido viver em casa dos pais de consciência tranquila; é permitido usar a desculpa do Gaspar para justificar o desemprego e as tardes na esplanada; antes dos vinte e cinco é permitido chegar a casa às seis da manhã, depois de uma noite com um desconhecido; é permitido gozar com as bandas de música da irmã mais nova e saber de cor o nome e as músicas das mesmas; é permitido omitir à mãe e ao pai, e é obrigatório almoçar à mesma hora que eles no domingo, independentemente da noite anterior.

Depois dos vinte e cinco desespera-se porque não se tem emprego, desespera-se porque não se tem namorado, desespera-se porque está mais perto dos trinta do que dos vinte. Depois dos vinte e cinco fala-se em futuro, e a mãe pergunta “O que é que tu queres fazer à tua vida?”, queremos voltar a ter dezoito anos e a achar que é o fim do mundo só porque não vamos ver o concerto do Bruno Mars.

Bom, eu ainda tenho dois anos para viver na casa dos “vinte”, os vinte e três vão aparecer amanhã, mas ainda vou querer festejar, e não me vou sentir mal por fazer uma festa em casa dos meus pais, porque a casa também é minha …pelo menos até a minha me perguntar “O que é que tu queres fazer à tua vida?”.

Crónica de Maria João Costa
Oh não, já é segunda feira outra vez!