Brasil, Palmira e Marcelo

O mundo, em geral, vive tempos agitados e de mudança. Com efeito, o mundo está em permanente mudança, mas se verificarmos os acontecimentos ocorridos desde há uma semana para cá, ficamos com a certeza de que as nossas certezas são de facto incertas.

O Brasil. O impeachment…poderá resultar? Sim. Mas será que os partidos brasileiros da oposição irão seguir em frente com essa votação favorável à destituição da Presidente Dilma, mesmo aqueles, como o PMDB, que faziam parte da coligação governamental com o PT de Dilma e do ex-líder Lula? Creio bem que não. Assim que os militares, pela voz do seu chefe, afirmaram estar prontos para manter a credibilidade detida perante o povo brasileiro, as sirenes soaram, e os partidos brasileiros sabem muito bem o que lhes aconteceria se as chefias militares brasileiras tomassem o poder de Brasília: os partidos seriam ilegalizados, ou suspensos da sua legalidade e actuação política. Pois esse é um preço demasiado alto a pagar pelos partidos políticos brasileiros, desde aqueles ligados aos sindicatos, passando por outros associados a facções evangélicas, até outros mais à direita vinculados ao poder financeiro. Mesmo que Lula não seja detido, nem se assuma enquanto ministro, o Brasil, enquanto nação, aprendeu (espero eu) que brincar com a democracia pode incendiar o país todo e fazê-lo regressar ao passado.

Palmira. Esta antiga cidade semita, perto de Homs, na Síria, é uma autêntica cidade-museu fundada no período neolítico. Tomada de assalto pelo Daesh, foi recuperada pelo exército sírio na semana que passou. A Rússia apoiou essa iniciativa de recuperação desse local reconhecido pela sua importância histórica por parte da UNESCO, e dessa forma se cumpre a desagregação do controlo do Daesh de parte da Síria, tendo já perdido cerca de 40% do território conquistado.

Marcelo. O novo Presidente da República Portuguesa falou à hora do chá. É uma lufada de ar fresco verificar como Marcelo se expressa, comparativamente à forma pesarosa e ultrapassada de Cavaco falar ao país. Sim, Marcelo aprendeu muito com mais de uma década a falar no pequeno ecrã aos Domingos, mas é um homem que defende um novo tempo, uma nova fase na política nacional, dando assim a entender querer constituir uma das partes da solução e não dos problemas pelos quais o nosso país atravessa.