Com a Morte não se brinca…

Je suis Charlie
Tu es Charlie
Il est Charlie
Nous sommes Charlie
Vous êtes Charlie
Ils sont Assassins…

Assim começa a minha crónica de hoje e assim termina a vida de 12 pessoas.

Sempre fui uma pessoa a quem a morte nunca meteu muito medo. Mas agora, talvez por perceber que cada vez estou mais próximo dela, começo a ter-lhe um pouco mais de respeito. É que a magana atinge-nos sem que estejamos à espera. Num momento estamos felizes e contentes a saltar de um penhasco de 60 metros, para dentro de água, e noutro estamos mortos. TRAU! Já fomos! Morremos sem que nada o fizesse prever. Sabe o que lhe digo?! Isto é uma MERDA… Uma pessoa nunca está à espera da Morte. E, mesmo quando pensa que está… Não está! E é por isso mesmo que na minha rubrica do “C’um Catano!”, deste mês, irei falar-lhe sobre a Morte!

morte

Quantas pessoas e quantas pessoas, que você conhece, já morreram ao longo da sua vida? Imensas, não é verdade? Diria até, DEMAIS! E a quantas delas é que você disse: “Bem feita! Estavas mesmo a pedi-las.” Nenhuma, não é verdade?! Os maus nunca morrem. Ou então, se morrem, transformam-se automaticamente em bonzinhos.
Quantas vezes vimos as pessoas nos jornais a dizer: “Aiii, ele era tão boa pessoa… Pouco sabia da vida dele. Sabia apenas que batia na mulher, nos filhos, metia-se na droga, e quando não tinha dinheiro roubava carros. Mas era tão bom rapaz! Ele não merecia!”. É verdade, não é?! Se quer um exemplo do que lhe acabei de dizer, então ponha os olhos no caso daquele jovem rapaz, de raça negra, que foi morto pela polícia no Missouri, durante uma perseguição.
“Ai, ele não merecia…” diz quem viu a notícia na T.V.
“Ai, coitadinho. Ele apenas estava apenas a passear na rua…” dizem os vizinhos da vítima, ao mundo. Mas o problema é mesmo esse. O “diz quem ouviu”, o diz quem “pensa que viu”, o “diz que diz”. Pois, na realidade, quem estava lá e teve de fazer aquilo que fez, se calhar ouviu um pouco mais, viu um pouco melhor e disse tudo aquilo que podia para que tal não acontecesse.

missouri

Mas atenção, eu não defendo a morte. Muito pelo contrário. A morte a mim assusta-me, confunde-me. Eu sou 101% contra a morte. Excepto de quem merece, claro! Por exemplo, os tipos que praticaram o atentado ao jornal Charlie Hebdo, em Paris. Esses, para mim, bem que podiam falecer. Até era um favor que lhes fazia. Dava 10 kg de dinamite a cada um e deixava-os ir para junto daqueles que defendem este tipo de ataques. Depois, podiam arrebentar todos juntos! Um género de fogo de artifício, mas com mais fogo e menos artifício. No final cada um ia à sua vida – ou, neste caso, à sua morte e com as suas virgens, claro! (Viram como eu até sou simpático?)

Dinamite

Depois temos também o caso daqueles tipos que morreram mas afinal estão vivos. Só assim, de repente, lembro-me de ter “morrido” recentemente o César Milan, Ricky Martin, Justin Bieber, Mulher Melancia, Eddie Murphy, Morgan Freeman, entre outros. Estes boatos têm sido tão comuns que agora sempre que morre alguém eu não acredito. Lembro-me perfeitamente de ter morrido a minha tia, o mês passado e de eu ter ido confirmar ao Google. Conclusão: como não encontrei nenhuma notícia sobre a morte dela, não acreditei. Resultado: ainda hoje o meu tio não me fala…

alzira

Outra situação que me apoquenta imenso no que toca à morte, é a falta de corpos para confirmarem os óbitos. Eu sou da opinião que uma pessoa só consegue, verdadeiramente, fazer o luto quando tem um corpo para enterrar. (É uma pancada minha, eu sei, mas querem o quê?!) Por isso, percebo perfeitamente a angústia das pessoas cujos familiares desapareceram nos aviões da Malaysia Airlines e AirAsia.

Eu não sei quanto a si, mas a mim faz-me muita confusão que já existam partes do avião desaparecido da AirAsia e não exista ainda qualquer tipo de pista sobre avião da Malaysia Airlines. E pior… Parece que para além de não existirem pistas também não existem consequências. Será que não há nenhuma entidade que regule este tipo de coisas?! Garanto-vos que se isto fosse cá em Portugal e tratado pelas finanças, já alguém tinha pago uma multa bem pesada! Imagine o leitor que eu fui chamado, pelas finanças, para mostrar o IRS de 2010 e só porque não sabia facturas todas levei uma talhada do camandro. Quanto mais se tivesse perdido um avião com 239 pessoas lá dentro. Uiii… Devia de ser bonito, devia. No entanto estes marmanjos perdem umas centenas de pessoas e basta-lhes pedir desculpa que fica tudo ok… Ó, c’um ca…tano!

airasia

 (…adoro a frase no avião…)

Por isso malta, façam-me um favor, mantenham-se vivos. Evitem voar em aviões que tenham “asia” escrito nas laterais e não façam desenhos sobre Maomé. Ah! E se possível guardem sempre os recibos das vossas compras durante 5 anos. Não vá o diabo tecê-las. “Eh! Eh! C’um Catano!”

Artigo de Gil Oliveira