“O Que Eu Digo Não Se Escreve…” — Dia Mundial da Casa de Banho

Hoje, dia 19 de Novembro, celebra-se uma efeméride especial. De todas as efemérides que se celebram, anualmente, neste planeta belo e cheio de potencialidades que o distanciam — pela positiva — dos restantes planetas que existem nas profundezas do Universo, esta é a aquela a que dou mais importância. O Dia Mundial da Casa de Banho é bastante especial para mim. Pois, apesar de a humanidade associar a casa-de-banho a algo deveras escatológico, perfeitamente compreensível, visto que é nesse local que temos por hábito fazer as nossas necessidades fisiológicas, para mim é algo muito maior que isso.

A casa-de-banho serve, claramente, para evacuar tudo aquilo a que o nosso organismo denomina como “não necessário e perfeitamente dispensável” para ser usado. Mas, existe algo mais, no meu caso em particular, no simples acto do uso da casa de banho. A acção de se sentar numa sanita, para mim, tem muito mais do que simplesmente a expulsão das “porcarias do nosso organismo” pelo esfíncter. A casa-de-banho tem uma magia especial para mim. Ao sentar-me na sanita, imagino rapidamente que estou sentado numa espécie de trono. Mas não um qualquer trono, nem mesmo o de um Rei — mas sim, de um trono mágico que me faz viajar pelos confins obscuros da minha mente, completamente isolado do mundo que me rodeia.

Chego a levar horas sentado na sanita, completamente rodeado pelos meus pensamentos. Pelas inúmeras viagens a mundos e ideias criadas apenas na minha mente, que servem depois para serem — ou não! — usadas no meu dia-a-dia, ou em crónicas e contos que tenho como paixão escrever. É lá que todas essas ideias se vão moldando na minha mente, pacatamente, enquanto estou sentado no meu trono mágico. Todas as melhores ideias que tive na minha vida, surgiram enquanto estava sentado na sanita, numa casa-de-banho. Aliás, foi assim que nasceu a ideia de criar o melhor que tenho na vida: a minha filha. Estava sentado no trono, isolado do mundo, completamente absorvido pelos meus pensamentos, quando surgiu a ideia de que estava na hora de ser pai. E se assim o pensei, assim o fiz.

Não sou capaz de ir à casa de banho só por ir. O acto de entrar, sentar-me na sanita, fazer o que tenho a fazer em segundos e depois regressar ao mundo real, não serve para mim. Eu preciso de tempo. Preciso de aproveitar aquele momento em que estou isolado de tudo e de todos. Em que estou apenas comigo mesmo — apesar de isso, por vezes, se revelar uma verdadeira tortura, porque não é fácil lidar comigo próprio. Muitas vezes, faço questão de ingressar em mais uma viagem até ao meu trono acompanhado de um livro. O que, por vezes, acaba por ser uma ideia completamente tresloucada — porque dou por mim, duas horas depois, sem conseguir levantar-me da sanita por ter a pernas dormentes. O mesmo se sucede, por vezes, quando opto por levar o portátil e escrever crónicas…

Por falar nisso, acho que é melhor ficarmos por aqui… porque neste momento já não sinto as pernas, e lá vou ter de pedir à minha esposa para entrar em contacto com uma empresa de maquinaria pesada de construção civil, para nos alugarem uma grua para me retirarem da sanita…