Crème de la crème – As Melhores Séries de 2016

Reparou no título, caro leitor? Depois de um reveillon à grande à francesa está mais que na hora de relembrar o melhor do melhor em 2016. O Ideias e Opiniões não escapa à regra, por isso prepare-se para uma autêntica barrigada (pode acompanhar com farrapo velho, se ainda houver) de séries para ver ou rever nesta época festiva.

2016 foi a grande confirmação da (mais que evidente) hegemonia das séries e marca a entrada do sistema Netflix em Portugal. E não tardará muito até termos a HBO (a grande gigante de séries originais desde o ínicio do milénio) a entrar no nosso mercado. Hoje em dia cada um vê o que quer, onde quer e não há dúvida que, o acesso às séries do momento é cada vez mais fácil e cómodo.

Foi um ano titânico em termos de estreias e comebacks (Walking Dead e Game of Thrones voltaram em grande) e, como sempre, vou ter de deixar algumas séries de fora (sorry for that). No entanto, posso-vos garantir que todas estas séries passaram pelo crivo do je, Miguel Saraiva de seu nome, e foram aprovadas com distinção.

Agarre uns cobertores, leia este fantástico artigo, partilhe com os seus amigos, acenda a lareira, abra a última caixa de chocolates, convide os tais amigos até sua casa e veja as séries que lhe vou apresentar abaixo. Prometo que não se vai arrepender.

Mr.Robot

It’s all about Rami Malek. Depois de uma carreira nos “intervalos da chuva”, o actor americano de origens egipcías encarna o corpo e alma de Elliot, um programador antisocial que trabalha como engenheiro informático num gigante de cibersegurança. Eu sei, eu sei, mais uma série à americana… bear with me.

No entanto a vida de Eliott está longe de ser um mar de rosas. Enquanto luta com os seus problemas de ansiedade e depressão, um grupo de hackers aborda-o, propondo um plano que poderá derrubar todo o sistema informático dos Estados Unidos. O dilema coloca-se: continuar a proteger o sistema ou seguir as suas crenças pessoais (e até espirituais) de aniquilar as ciberestruturas da companhias que, na opinião de Elliot, estão a arruinar o mundo.

Mr. Robot é uma aventura entre o subconsciente e a estrutura social americana, lutando contra com os amplamente estereotipados valores americanos. A série retrata a visão de Eliott sobre as degenaração da “american way of life”, numa abordagem profunda e acutilante criada pela própria USA Network (factor que torna tudo isto ainda mais surpreendente).

Numa série que conta com a presença do one and only Cristian Slater, o pico alto de Mr. Robot é a vitória de Rami Malek nos Emmys, arrecadando o prémio de Melhor Actor Principal na categoria Dramas. 2017 marca o regresso da série, com uma terceira temporada que promete continuar a abanar a cibersociedade mundial.

Stranger Things

Possivelmente a série do ano, a par com Narcos. Depois de vários sucessos desde o seu lançamento, a plataforma Netflix apresenta um dos melhor originais de 2016. Stranger Things estreou em Julho e, rapidamente, captou toda a atenção dos críticos. Com um elenco muito jovem, poderemos estar perante um autêntico leque de futuras estrelas (com um especial destaque para o adorável Gaten Matarazzo e para a assustadora Millie Bobby Brown). A série conta também com os veteranos David Harbour e Winona Ryder para segurar toda a esta criançada.

Contado com ritmo interessante e repleto de suspense, Stranger Things retrata o aterrorizador quotidiano de uma pequena aldeia dos Estados Unidos, na qual o filho de Joyce Bryers (Winona Ryder), Will (Noah Schnapp), desparece, desencadeando uma investigação policial que leva a várias descobertas sobrenaturais na pequena comunidade de Hawkins, Indiana.

Inspirado numa era tipicamente sci-fi, a série explora um estilo retro e futurista (perdoe-se o paradoxo) personificados no corpo de uma pequena rapariga, Eleven (Millie Bobby Brown), que, através dos seus superpoderes, afirma saber a localização de Will.

Com apenas uma temporada de 8 episódios, Stranger Things já foi renovada pela Netflix e volta já no próximo ano. As expectativas são para lá de altas.

Narcos

Plata o plomo? Embora tenha estreado em 2015, Narcos alcançou fama mundial no decorrer de 2016 (foi um dos maiores sucessos em solo português). Filmada em solo colombiano, a série retrata as aventuras e desventuras de Pablo Escobar nos anos 70, altura que construiu o seu império (o famoso Cartel de Medellín).

Wagner Moura, uma cara conhecida para os portugueses (participou em muitas telenovelas brasileiras), assume o papel do mais conhecido barão da droga da história do século XX, atribuindo uma violência inteligente e precisa à personalidade de Escobar. A aposta em talentos out-of-the-box por parte da plataforma Netflix é mais uma vez evidenciada, com um elenco realista e muito interessante.

Baseado em factos reais, Narcos confirmou a sua intensidade durante a segunda temporada, focada no engenho de Escobar enquanto escapa a todo o tipo de autoridade. A série prima pelo facto de ser surpreendente, mesmo para aqueles que já sabem o que aconteceu. Depois de várias nomeações para os Emmy’s e Globos de Ouro foi confirmada a renovação da série para mais duas temporadas, sendo que Pablo Escobar poderá voltar ao pequeno ecrã já em 2017.

Westworld

What the hell is this? Westworld agarrou-me desde o primeiro minuto e é, definitivamente, uma das surpresas do ano. Apesar do elevado nível demonstrado pela HBO ao longo dos últimos 15 anos, é incrível a facilidade com que criam novas e excelentes séries.

Criada por Jonathan Nolan (irmão do inigualável Christopher Nolan) e Lisa Joy, a série tem como base um parque de diversões muito particular: gerido por robôs, este empreendimento futurista permite aos seus visitantes (gente rica, pudera) experenciar as suas fantasias através de uma consciência artificial única, na qual podem fazer tudo aquilo que sempre desejaram.

Com um tema Western/Sci-fi (juro que não é outro Cowboys vs Aliens), Westworld tem sido comparada a Game of Thrones, apresentando actores de vulto como Anthony Hopkins e Ed Harris. A série tem como base o filme com o mesmo nome criado e lançado em 1973 por Michael Crichton e preenche-se de mistérios e pontas soltas. Mas com apenas uma temporada não seria de esperar outra coisa. A coboiada tem data de retorno? Sim, mas só para o ano!

Ash vs Evil Dead

Embora seja mais que evidente que esta série é hilariante, este é o wildcard deste grupo. Com a Starz na liderança deste projeto (são só os criadores da série Spartacus), Bruce Campbell reincarna o seu icónico papel como Ash na trilogia Evil Dead (iniciada em 1981). Agora, depois de 30 anos a fingir que os mortos-vivos não são com ele, Ash é a única esperança da Humanidade no combate à praga de Deadite que assombra Evil Dead.

Filmado na Nova Zelândia, a série conta com as participações de Lucy Lawless (uma das favoritas da Starz) e de Ray Santiago, sendo que a produção está a cargo do próprio Bruce Campbell, assim como dos produtores originais da trilogia. Escusado será dizer que são às centenas as referências aos filmes, preenchidas com cenas, no mínimo, crocantes e irrestíveis para os fãs da saga.

À semelhança de Narcos, Ash vs Evil Dead apenas alcançou o sucesso em 2016, mantendo um impressionante 99% no Rotten Tomatoes (site especialista em avaliação de séries e filmes). Os críticos adoram e, neste caso, eu também. Ash Williams volta para uma terceira temporada já em 2017. Esta é, meus amigos, a minha escolha para este novo ano. Enjoy!

Já o referi em crónicas anteriores: é inegável o poderio demonstrado pelas séries nos dias que correm. Adaptadas às nossas necessidades, é cada vez mais fácil ver uma série do que ver um filme. O tempo é escasso e dispensar 30 a 50 minutos por dia é uma tarefa bem mais simples que uma tarde inteira a ver um só filme. Constrói-se um sentimento expectativa que perdura durante dias, semanas, até meses (a não ser que o leitor seja daqueles que despacha uma temporada num dia, só porque sim).

Toda a gente compreende o novo paradigma do pequeno ecrã e os actores de Hollywood não são excepção (veja-se a transição de algumas estrelas para as séries de TV ). Cada um come do que gosta, cada um vê o que quer. É a era livre da televisão, que tanto encanta, mas que ao mesmo tanto me preocupa.

Entre com os dois pés em 2017 e acompanhe o seu Inverno com os seus performers favoritos. O Ideias e Opiniões deseja-lhe um fantástico ano novo repleto de grandes séries e filmes! O vosso amigo Miguel voltará em breve com alguns dos melhores papéis na história do cinema. Hasta La Vista, Baby!