Crónica da Boa Malandra

A Teresa vai finalmente sair, enfiou-se na toca durante meses após o seu relacionamento abusivo ter terminado, noutra ocasião falarei deste relacionamento estupendo, hoje não, apenas direi que a sua tia com quem cresceu e viveu os primeiros vinte anos de vida, a aconselhou francamente mal no que respeita a relacionamentos amorosos “Com afagos, a mula e a a mulher fazem o que o homem quer“, os ditos conselhos eram algo deste género, mais vírgula, menos ponto, mas Teresa não era mula e rapidamente percebeu que os afagos de nada valem quando o outro lado é narcisista e egoísta.

Como referi, Teresa ia finalmente dar uma volta, tirar as teias de aranha dizem as más línguas, esta é provavelmente uma das frases mais pirosas de sempre, inventada por alguma feia invejosa ou por algum machista com complexo de inferioridade, Teresa precisava de dar umas quecas, quem não precisa não é verdade leitores? Quentes e boas como as castanhas, sim foi uma comparação infeliz mas não me ocorreu escrever nada mais perspicaz. Teresa usava algumas aplicações, aquelas cenas via internet que contribuem exponencialmente para o aumento da infidelidade e para as desilusões amorosas precoces. Marcou encontro com um tal de Bruno25soumaisdoquevês, que deu match com 75% de probabilidade de êxito e 25 % de probabilidade de dar merda.

Teresa é uma mulher bonita e interessante, tinha engordado uns quilitos devido ao confinamento, o teletrabalho era tramado, oito horas de trabalho dez horas a comer, as calças de napa preta que tinha vestido para o encontro ficavam ligeiramente apertadas, as côdeas na barriga e os extras no rabo eram um problema, trocou de calças, vestiu um top preto de alças finas, botas castanhas de tacão alto, mala, casaco, cabelo solto e lá foi ela, linda e cheirosa, pronta para dar uma…ou duas ou até três quem sabe? Dependia do moço simpático que lhe ia aparecer pela frente.

O encontro foi, na melhor das palavras, insólito, dois estranhos que se conhecem e estranhamente se seduzem, é uma estranheza de facto, os jovens de hoje não sabem o que é o amor, diria a minha visavó que namorou cinco anos à janela com o futuro marido e único homem de sua vida, com quem perdeu a virgindade e teve nove filhos, cinco raparigas e quatro rapazes. Voltando ao encontro, Teresa cujo perfil na aplicação é Te30simplesmente#eu teve um encontro com o Bruno25soumaisdoquevês e percebeu a triste ironia do ditado popular “Não julguem o livro pela capa”…

 

Continua