Desculpa Darwin, isto descambou…

As pessoas estão cada vez mais limitadas — o que é um contra-senso incrível, visto que a tendência, segundo Darwin, seria completamente ao contrário. As pessoas deveriam evoluir para melhor, para algo mais avançado, mas consta que nem o surgimento da tecnologia na vida dos humanos os fez progredir no que à inteligência diz respeito. A coisa, infelizmente, está a regredir e a olhos vistos. Já faltou mais para voltarmos a viver em cavernas, arrastarmos as mulheres pelos cabelos e perdermos a paciência para fazer a depilação — a ingestão abusiva de sushi comprova que já estamos mais do que prontos para regredirmos para uma dieta alimentar à base de alimentos crus.

Existem muitas provas que o mundo está a regredir de tal forma que o próprio planeta, um dia destes, chegará à exaustão e pensará “Mas, por que raio continuo a rodar sobre mim mesmo e a viver sempre com tonturas, se estes energúmenos que me habitam já são menos inteligentes que os próprios animais irracionais? Desisto, pá!”. Mas existe uma prova irrefutável de que estamos a caminhar para o declínio. Falo, obviamente, das pessoas que, ao estacionarem os seus carros, conseguem a incrível proeza ou habilidade, de não endireitarem as rodas do carro. Quão preguiçosa pode ser uma pessoa para, depois de estacionar o carro, não perder 2 míseros segundos a endireitar as rodas antes de ir à sua vidinha? De 0 a 10, quão descontraída pode ser uma pessoa para se marimbar completamente de como o carro fica estacionado?

Já elaborei mentalmente várias teorias acerca desta situação. Nenhumas delas me convenceu completamente. Mas cheguei a uma conclusão: as pessoas que realmente sofrem com esta questão são aquelas que sofrem de Transtorno Obsessivo-compulsivo (TOC). Se eu padecesse de TOC, tenho a certeza que, ao sair de casa e ao chegar à rua e me deparasse com um carro estacionado com as rodas a apontar para noroeste, isso seria o suficiente para eu partir o vidro do carro para ter acesso ao seu interior, tentar fazer uma ligação directa à moda dos filmes — usando apenas dois simples e sempre disponíveis fios eléctricos para ligar a ignição — endireitar as rodas e, então, seguir o meu caminho feliz e contente.

É devido a este género de situações que dou por mim, por vezes, a olhar para as pessoas e a imaginá-las vestidas apenas com um básico trapinho de pele de cabra e o homem, munido de uma moca, dizendo alto e de uma forma totalmente bronca para a mulher:

“Anda! Eu caçar! Tu comer! Eu sujar caverna! Tu limpar!”

Já estivemos mais longe.

Desculpa, Darwin…