As eleições para o Bundestag e Chancelaria alemãs são já a 22 de Setembro. Angel Merkel pretende ser reeleita por mais quatro anos como chanceler da Alemanha, mesmo tendo os seus adversários já dito que a senhora que gere os destinos da “Deutschland” somente pretende ficar por dois anos, e depois viajar pela América do Sul com o seu esposo. Nada mais próprio da especulação típica de pré-campanha eleitoral.
A CDU de Merkel, ou união democrata-cristã, é a força partidária favorita em todas as sondagens para vencer a votação de 22 de Setembro. Contudo, a provável aliança entre o SPD de Peer Steibruck, Verdes e Die Linke poderão fazer a diferença.
Senão, vejamos: a CDU só poderá coligar com um partido que tenha mais de 5% dos votos, pois só assim é que um partido consegue a eleição de deputados no Bundestag, parlamento alemão; logo, conseguir maioria absoluta, e por conseguinte formar coligação de governo sólida exige que alguns temas “fracturantes” fiquem de fora do “missal” de Merkel nesta pré-campanha. O partido Alternativa para a Alemanha, formado por dissidentes da CDU, é um desses casos, em que se defende a saída da zona euro dos paíse em crise, como a Grécia e Portugal.
A existência de partidos como essa Alternativa para a Alemanha só beneficia a CDU, pois Merkel consegue desse forma provar ao seu eleitorado típico e ao restante eleitorado situado no centro político, em termos sociológicos, que defende propostas mais equilibradas e mais tolerantes para com os países periféricos, por um lado, e que a Alemanha só poderá exercer liderança na Europa com uma postura solidária e democrática para com os seus parceiros mais endividados.
Já quanto à postura de Merkel pouco ou nada criticar o seu maior adversário nestas eleições, Peer Steinbruck do SPD, pode oferecer várias leituras. Contudo, creio que duas se impõem: uma visão desta estratégia de Merkel denota que a chanceler não pretende lembrar o eleitorado que Steinbruck foi o ministro das Finanças alemão do seu primeiro mandato, e que a Alemanha conseguiu “dar a volta” à crise surgida em 2008 devido à estratégia do ministério gerido por Steinbruck; uma segunda visão pode querer dar a entender uma vontade de assumir mais a “obra feita” por Merkel, que consegue oferecer à Alemanha níveis de exportações altos, baixo desemprego, inovação e qualidade na ciência e tecnologia, para além de uma boa qualidade de vida para a classe média germânica. Esta segunda visão justifica a ausência de necessidade de Merkel criticar os seus adversários directos, já que por todos, ou quase todos os partidos criticarem a chanceler, na verdade provocarão divisão no eleitorado que não votará Merkel, o que estranhamente no sistema eleitoral alemão só poderá favorecer a própria chanceler. Estranho mas seriamente plausível de acontecer.
E é assim que a pré-campanha para as eleições legislativas alemãs vai chegando à sua recta final, para depois dar lugar à campanha propriamente dita, onde a economia alemã está naturalmente em destaque, sendo também importante a postura defensora da paz defendida praticamente por todos os partidos concorrentes às eleições de 22 de Setembro. Eis um bom sinal, sem dúvida.
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