Estes e outros tempos – João Cerveira

Noutros tempos poupava-se a vida toda para ter o essencial a qualquer família: uma casa, eventualmente um carro. E para não faltar comida na mesa. E roupa. E era uma pequena percentagem aquela que tinha a oportunidade para estudar, para além do ensino obrigatório.

Depois as coisas supostamente melhoraram. E o acesso à habitação, normalmente através do crédito, facilitou-se. Mas facilitou-se o crédito também para o automóvel, para o novo computador pessoal, para a nova mobília, etc. E, com isso, sobrou mais para os estudos.

Com isso criou-se a geração mais bem formada de sempre. Mais informada, mais especializada. E é dessa geração, que lucrou com a expansão do crédito, que lucrou com o mais fácil acesso aos bens e à formação, que saem alguns idiotas (leia-se “gente com muitas ideias”) dizer que a culpa foi da geração anterior, que gastou muito mais do que podia gastar. Na sua maioria (mas não só) essa gente vem de famílias que não passaram pelas necessidades referidas no primeiro parágrafo da minha crónica e gostam muito de laranja.

 

 

Crónica de João Cerveira

Diz que…