Grand Slam – Balanço de 2015

Bem vindo/a de novo caro/a leitor/a. Bom, o mês passado não houve crónica de ténis, mas este mês não falha! Desta vez optei por fazer um balanço dos Grand Slams do ano de 2015 e de como correu aos principais tenistas masculinos e às principais tenistas femininas. É isso mesmo, nesta crónica serão abordados o Australian Open, o Roland Garros, o Wimbledon e o US Open de forma diferente da que eu costumo fazer. Vamos a isto?

Comecemos pela prestação dos tenistas portugueses, a quem dou desde já os parabéns pela subida ao Grupo I da Taça Davis, depois de terem vencido a Bielorrússia. João Sousa foi, como era esperado, o tenista português que melhor esteve nos grandes torneios e, recentemente voltou a provar estar em grande forma, ao chegar à Final do torneio de São Petersburgo! Mas voltemos aos Grand Slams:

Australian Open

Australian-Open-2014-logo

O primeiro Grand Slam da época é jogado em piso rápido em Melbourne, Austrália. O Australian Open é dos torneios em que se joga o ténis mais bonito, contudo por ser no início da temporada, nem sempre o ritmo é elevado.

A final masculina foi ganha por Djokovic que derrotou Murray em 4 sets (foi o seu quinto Australian Open e o seu oitavo no global) neste ano em que iria “limpar” quase tudo. Novak Djokovic foi exímio tendo conseguido bater o campeão em título (2014) nas semi-finais. Este torneio iria marcar também o início de um ano maravilhoso que tanto o nº1 do Ranking ATP, Djokovic e a nº 1 do Ranking WTA, Serena Williams tiveram.

Quem não terá gostado muito deste torneio terá sido Federer, dado que perdeu na terceira ronda contra o italiano Adreas Seppi. Opinião contrária terá João Sousa que perdeu na mesma ronda, contudo a derrota foi frente ao finalista vencido Andy Murray, tendo o português dificultado a tarefa do britânico no terceiro set, que ficou com os parciais de 7-5. Nadal não esteve tão bem quanto desejava. Aliás, o tenista espanhol teve mais um ano abaixo do que era esperado, infelizmente.

Balanço:

O balanço que faço deste Grand Slam é muito positivo, para além de o torneio ter sido vencido pelo meu tenista favorito, houve surpresas, bom ténis e o início daquilo que seria um ano praticamente perfeito dos actuais líderes. Não esteve ao nível do torneio de 2012, nomeadamente no que diz respeito à final onde Nadal e Djokovic deram espetáculo em 5 sets, naquela que ainda é a partida mais longa do torneio (5 horas e 53 minutos).

Roland Garros

Roland Garros

Este era o torneio para tirar as dúvidas da condição de Rafael Nadal, o campeão em título. Será que Nadal tinha o que era preciso para vencer mais uma vez e conseguir a sua décima vitória em terra batida, ou alguém iria conseguir bater Nadal no seu elemento? E foi realmente isso que tivemos! Djokovic venceu o campeoníssimo nos quartos de final, passando a ser considerado o favorito para ganhar o torneio. De referir ainda que Nadal não estava no seu melhor, contudo não terá sido apenas por isso que o espanhol perdeu contra a o nº1 mundial.

No que diz respeito a tenistas nacionais, tivemos novamente um encontro entre João Sousa e Andy Murray, na segunda ronda, em que o britânico voltou a vencer. Porém desta vez o “nosso” tenista conseguiu ganhar um set ao nº 3 do Ranking ATP. O tenista português mostrou ter aprendido algo com o Australian Open.

Já Federer parecia estar em má forma com duas derrotas prematuras nos primeiros Grand Slams, dado que o suíço perdeu para o seu compatriota Wawrinka nos quartos de final. Contudo, felizmente que isto não era verdade! Mas já lá vamos. O Roland Garros ficou também marcado por um excelente “duelo” de cinco sets entre Djokovic e Murray nas semi-finais, naquele que pode muito bem ter sido o melhor jogo do torneio, embora seja seguido de perto pelo jogo da final entre o sérvio e Stan Wawrinka, vencido pelo suíço em quatro sets. Outro facto marcante deste torneio foi o facto de Jo-Wilfred Tsonga voltar a repetir uma semi-final do torneio francês, algo que já tinha feito em 2013, nessa altura contra David Ferrer.

Balanço:

O Roland Garros foi surpreendente dado que Nadal parecia determinado para ganhar o seu 10º título, porém Novak Djokovic esteve mais forte do que a sua concorrência, só sendo parado na final. Foi um torneio bastante bom, com algumas surpresas e com uma boa prestação do tenista português, João Sousa. A final teve um resultado surpreendente, porém cheio de mérito dada a garra de “Stanimal”, alcunha do vencedor deste ano.

No lado feminino, nada de novo, Serena Williams bate toda a concorrência. Safarova foi a oponente da final feminina do Roland Garros, conseguindo ainda incomodar Serena ao ter vencido o segundo set no tie break, isto depois de já ter surpreendido ao vencer a campeã de 2014, Maria Sharapova, na quarta ronda.

Wimbledon

wimbledon

Este é dos torneios mais esperado pela maioria dos adeptos e apreciadores de ténis. Um torneio místico, cheio de regras e onde, na minha opinião, é jogado o melhor ténis da temporada, foi mais uma vez o torneio onde Federer resolveu aparecer e brilhar de novo. O suíço detém o recorde de mais títulos de Wimbledon (7), juntamente com Pete Sampras e William Renshaw e, este ano, voltou a estar muito próximo de bater este recorde, porém, Djokovic voltou a mostrar-se mais forte no momento decisivo.

Neste torneio não houve practicamente surpresas relevantes, a não ser a saída prematura de Nadal, que perdeu contra um qualifier, Dustin Brown na segunda ronda. Apesar de não ter havido grandes surpresas houve ainda muito bons duelos, como o da terceira ronda que opôs Federer ao australiano Groth, ou o jogo da quarta ronda entre Richard Gasquet e Nick Kyrgios, ou mesmo a partida da terceira ronda que teve cinco sets e dois franceses (Gael Monfils e Gilles Simon).

No que diz respeito à presença nacional, João Sousa não teve grandes hipóteses de ter uma boa prestação no mítico torneio de Wimbledon, dado que saiu-lhe a “fava” de disputar a primeira ronda contra o vencedor de Roland Garros, Stanislas Wawrinka.

Já nas rondas mais importantes tivemos um excelente jogo entre Federer e Murray nas meias e mais uma final disputada entre os dois melhores tenistas da actualidade, o suíço Roger Federer e o sérvio Novak Djokovic.

Balanço:

Bom torneio, embora sem grandes sobressaltos sem ser a derrota de Nadal contra um qualifier. Sabemos que Nadal está ainda à procura da sua melhor forma, contudo não é normal que um grande tenista como é o espanhol perca jogos como aquele, mérito claro está para o adversário.

Bons jogos nesta edição de Wimbledon, pena foi mesmo a eliminação de João Sousa contra Wawkrinka, mas o Stanimal este ano esteve fortíssimo nos Grand Slams. O grande destaque vai para a subida de forma de Federer, que neste momento é o único adversário que eu vejo a conseguir ganhar o Masters de Londres ao nº 1 do Mundo, Djokovic.

No sector feminino, o mesmo do costume. Serena vence e caminhava assim para o Grand Slam de carreira (ganhar os 4 Grand Slams no mesmo ano). Na final de Wimbledon, a americana derrotou a espanhola Garbiñe Muguruza, por duplo 6-4.

US Open

images

O último Grand Slam do ano foi em solo americano e foi mais uma vez terreno para Roger Federer mostrar o seu excelente momento de forma e o seu melhor ténis. O sérvio, Djokovic e o suíço, Federer voltaram a encontrar-se na final do torneio e mostraram o porque de serem os dois melhores jogadores e de estarem no primeiro e segundo lugar do ranking ATP, respectivamente.

No que diz respeito a surpresas, as maiores foram as derrotas prematuras de Murray, que perdeu na quarta ronda contra o sul-africano Kevin Anderson e de Nadal, que perdeu na terceira ronda contra o italiano Fabio Fognini. Ambos perdem contra adversários de ranking inferior e sobretudo muito cedo para aquilo que já vimos estes dois fantásticos tenistas fazerem.

Foi neste Grand Slam em que João Sousa esteve melhor, apesar de uma má prestação a solo (perdeu na primeira ronda contra Ricardas Berankis), teve uma grande prestação a pares com o argentino Leonardo Mayer. Esta dupla chegou aos quartos de final, onde infelizmente perderam contra o duo de americanos constituído por Steve Johnson e Sam Querrey. Porém, mostraram que podem vir a ter bons resultados no futuro e é uma dupla interessante.

No que toca ao torneio feminino, houve uma grande surpresa. Ao contrário do que era esperado e do que tinha acontecido anteriormente, a grande favorita Serena Williams não venceu, nem chegou à final! Ficou-se pelas meias ao ser derrotada por Roberta Vinci, que mediu forças com a sua compatriota Flavia Pennetta na final. E no fim tivemos direito a uma grande anúncio por parte da vencedora: este seria o último título da sua carreira enquanto tenista profissional!

Balanço:
Este foi, provavelmente, o torneio que no sector masculino apresentou maior normalidade, apesar das surpresas referidas anteriormente. A final voltou a ser disputada entre Federer e Djokovic, com este último a sair por cima. Murray e Nadal foram as surpresas pela negativa, enquanto Roberta Vinci e Flavia Pennetta foram as surpresas pela positiva. Ninguém previa que duas italianas pudessem chegar à final deste ano, sobretudo devido à excelente forma de Serena, que parece cada vez mais imbatível.

Balanço Global

Este ano de Grand Slams ficou marcado pelo domínio incrível de Novak Djokovic, que só perdeu na final de Roland Garros, mas também pela fantástica forma física de Roger Federer. Mas não é tudo. A consistência apresentada pelo suíço Stanislas Wawrinka, que foi o único a bater Djokovic num Grand Slam este ano, foi surpreendente e finalmente começa-se a colocar o nome do Stanimal como um adversário a ter em conta.

Como de costume, os quatro Grand Slam apresentaram bons jogos, a maioria deles bem disputados. Foi pena Nadal continuar a recuperar a sua forma física após uma lesão que tem afectado o seu jogo.

Quanto ao nosso João Sousa tem-se mostrado bem, embora com alguma pouca sorte no que diz respeito aos sorteios, o único adversário com quem o tenista português perdeu que não era do top 5 do Ranking ATP foi o do US Open, com quem perdeu na 1ª ronda. Foi também neste Grand Slam que se mostrou muito bem ao lado de Mayer, chegando aos quartos no torneio de pares.

Na minha opinião, há actualmente apenas três tenistas masculinos que se destacam: Djokovic, Federer e Wawrinka. Já nas mulheres apenas uma: Serena Williams. Aliás, tanto Djokovic, como Serena ficaram a um Grand Slam de fazerem o Grand Slam de carreira!