Michael Jackson: O eterno Rei da Pop

Michael Jackson faleceu no dia 25 de Junho de 2009. Mas, em vez de lamentar a perda que o universo musical sofreu há 7 anos, (sim, é verdade já passaram sete anos!), prefiro celebrar a sua carreira, a carreira de um dos maiores nomes da história musical, (se não mesmo o MAIOR de sempre no universo pop). Não é por acaso que lhe chamavam o “Rei da Pop”: ele de facto era, é e será o “Rei da Pop”.

The Jackson 5

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Os Jackson 5

Nasceu no dia 29 de Agosto de 1958, nos Estados Unidos, em Gary no estado de Indiana, a sua família era composta por mais nove irmãos (sendo que, um deles faleceu após o nascimento) e desde cedo que esteve ligado ao universo musical. Em 1963, surgiram os Jackson Brothers, (projecto musical formado por quatro dos seus irmãos), em 1964 Michael, com apenas cinco anos, juntou-se ao grupo, formando os famosos The Jackson 5, (considerados por muitos a “Primeira Família do Soul”).

Alcançaram enorme sucesso na época, sucesso esse ligado à parceria com a prestigiada e mítica, editora Motown Records, responsável por álbuns de nomes como Marvin Gaye, The Temptations, The Marvelettes, Stevie Wonder e Diana Ross & The Supremes, entre tantos outros. Em 1984, já desligados contratualmente da Motown, os The Jacksons (mudaram de nome porque The Jackson 5, pertencia à Motown), editaram o seu último disco, que contou com a participação integral de Michael Jackson, Victory. No entanto por esta altura, já Michael se havia aventurado há muito numa carreira a solo.

Revolução

Retrocedendo alguns anos no tempo, em 1972 é editado o seu debutGot to Be There, com o carimbo da Motown, seguindo-se mais três discos, sempre através da editora Motown.

É neste momento que surge, talvez, a maior revolução na sua carreira: estávamos em 1975, quando Michael Jakcson assina contracto com a Epic Records (inicialmente direccionada para o Jazz). Em 1978, conhece e estabelece contacto com o produtor Quincy Jones, que colaborou com nomes como Lesley Gore, Aretha Franklin, Ray Charles, Ella Fitzgerald e Frank Sinatra. Quincy aceita produzir o seu próximo álbum e em 1979, é editado o seu primeiro mega-sucesso: Off The Wall. Este álbum, (que vendeu, até ao momento, mais de 20 milhões de cópias, em todo o mundo), continha êxitos como “Rock With You”, “She’s Out of My Life” e “Don’t Stop ‘Til You Get Enough”.

Thriller

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Em 1982, na cidade do Porto, eu nasci para o mundo e nesse mesmo ano, foi editado o disco mais vendido de todos os tempos, ultrapassando uns incríveis 65 milhões de cópias vendidas. É, sem dúvida, um dos discos mais influentes da história da música, figurando em, praticamente, todas as listas de melhores álbuns de todos os tempos. Thriller, continha nove faixas e dele foram extraídos oito singles, algo absolutamente impressionante! Entre as músicas presentes em Thriller, destaco “The Girl is Mine“, “Billie Jean“, “Beat It” e “Thriller“.

Seguiram-se Bad (34 a 45 milhões de cópias vendidas), Dangerous (32 milhões de cópias), History (33 milhões de cópias) e Invincible (10 milhões de cópias).

Polémicas

Durante a sua carreira foram surgindo várias polémicas, relacionadas com acusações de abuso de menores, racismo, cirurgias plásticas, maus tratos por parte do pai, etc, etc, etc, a lista parece infinita. Tendo em conta que a maioria delas nunca foram confirmadas, restrinjo-me aos factos concretos.

Michael Jackson foi diagnosticado com lúpus e vitiligo, a primeira uma doença auto-imune e a segunda uma patologia, que resulta na perda da pigmentação natural da pele. Já na década de 70, era possível confirmar em fotografias a despigmentação que a pele de Michael sofria. Também parece uma certeza que foi vítima de abusos verbais por parte do pai, durante a infância. Em relação aos abusos sexuais de menores, até ontem, nada havia sido confirmado, no entanto hoje, no dia em que esta crónica está a ser escrita, um documento policial de 2003, tornado agora público, revela que foram encontradas imagens chocantes de tortura de crianças, nudez de adultos e crianças, sado-masoquismo e escravidão feminina entre os seus pertences.

Os documentos revelam “um homem manipulador, perverso, viciado em drogas e predador sexual”. Contudo os mesmos dados já foram considerados falsos pela família do cantor, assim sendo até prova em contrário, irei centralizar-me unicamente na admiração musical, que sinto pela sua obra.

Prémios

Michael Jackson e Quincy Jones nos Grammys de 1984
Michael Jackson e Quincy Jones nos Grammys de 1984

Durante a sua carreira, venceu inúmeros e variados prémios, entre eles destaco 6 Brit Awards e 13 Grammys. Entre eles merece destaque o de Álbum do Ano para Thriller, em 1984, ano em que alcançou um máximo histórico, tendo arrecadado, nada mais, nada menos, do que oito Grammys numa única edição! Em 1986, ganhou o Grammy para Música do Ano com “We Are The World”.

Concerto em Portugal

A 26 de Setembro de 1992, o antigo estádio de Alvalade, recebeu o único concerto em Portugal do “Rei da Pop“. Estávamos perante a “Dangerous World Tour” e perante 55 mil pessoas, Michael Jackson proporcionou o melhor espectáculo desse ano, um concerto que ficou na memória de todos os presentes e onde nada falhou. Muito mais que um cantor e compositor, Michael era um performer inigualável. Tudo era preparado ao milímetro e nada falhou! Segundo rezam as crónicas da altura “foi um espectáculo memorável”!

Morte

O mundo ficou em choque, no dia 25 de Junho de 2009, com a notícia da sua morte. Ainda por cima numa altura em que preparava um auspicioso regresso, após um hiato de mais uma década, sem nenhuma digressão ao vivo! A digressão “This is It” seria composta por 50 concertos na O2 Arena, em Londres, tendo os bilhetes esgotado em tempo recorde.

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Parece não haver dúvidas que Michael Jackson era viciado em drogas, sedativos e analgésicos. Consumidor habitual de Propofol, potente anestésico, que o próprio utilizava para conseguir descansar e dormir. No seu corpo foram encontrados ainda outros fármacos como Lorazepam (relaxamento muscular e sedação/tranquilizante) e Midazolam (potente tranquilizante, indutor do sono).

Reflexão Pessoal

A melhor expressão para definir Michael, é que era um criança, num corpo de adulto. Um homem, que perdeu a sua infância, que não teve tempo para brincar, nem para receber amor, carinho e atenção na “idade dos porquês”.

Michael Jackson era cantor, compositor, produtor e bailarino e o seu estilo único, marcou sem dúvida uma geração. As suas raízes, provenientes de uma família que descende dos escravos americanos e de uma tribo civilizada de índios, resultou provavelmente, numa personagem ao mesmo tempo excêntrica, misteriosa e tímida. Influenciado por nomes como Sammy Davis Jr., Gene Kelly, The Isley Brothers, Fred Astaire, Jackie Wilson e Little Richard, a sua sonoridade revestia-se de uma mescla entre soul, funk, rock e r&b, resultando numa pop que conquistou uma legião de fãs. Ícone de moda, o seu guarda-roupa sempre prezou por ser arrojado e contra-corrente, não imitou, inovou. Nas palavras do próprio: “Se a moda diz que é proibido, eu vou fazê-lo…”

A nível pessoal, tinha 9 anos quando recebi a cassete do Dangerous, (os cd’s eram mais caros) e numa altura em que a música não era descartável, posso assumir que a ouvi na integra vezes e vezes sem conta. No ano seguinte, quando tinha 10 anos andei a tentar juntar dinheiro, (com as semanadas), para fazer a viajem do Porto até Lisboa para o ver ao vivo. Mas os tempos eram outros e os pais não se davam ao trabalho, (felizmente), de dar aos filhos tudo o que eles queriam e pediam e, muito menos, passavam noites acampadas à porta de um qualquer local, para comprar bilhetes de um tal Justin Bieber, One Direction, Violetta, etc.

Capa do álbum Dangerous
Capa do álbum Dangerous

Resumindo, como é óbvio, nem consegui juntar o dinheiro necessário, nem vi o Michael Jackson ao vivo. Nesse dia fiz uma promessa a mim próprio “Vou juntar dinheiro sozinho e um dia, garanto que quando ele voltar a Portugal, irei ver o concerto”! Ele nunca regressou e eu nunca vi um concerto dele. Restava-me a sua música e isso era mais do que suficiente. Passei anos a cantar, a tentar imitar o “Moonwalk” e a ouvir temas como “Black or White“, “Bad“, “You Are Not Alone“, “Earth Song“, “They Don’t Care About Us“,  “Heal the World“, “Smooth Criminal“, “The Way You Make Me Feel” e “Man in the Mirror“.

Outro aspecto que me fascinava eram os videoclips. Michael Jackson atribuiu uma importância que até aí não era valorizada. Para Jackson o aspecto visual, estético, era parte central da indústria musical. Quem não se lembra do “assustador” vídeo de “Thriller“? E das escadas iluminadas pelos seus pés em “Billie Jean“? E do ar de Dick Tracy em “Smooth Criminal”? E do agressivo “Bad” e da participação de Macaulay Culkin em “Black or White”, (vídeo que teve direito a estreia mundial em 27 países, com uma assistência de 500 milhões de pessoas, a maior repercussão de um videoclip da história e tudo isto antes da globalização da internet e do aparecimento do Youtube)?

Sete anos após a sua morte, a sua música e a sua obra permanecerá para sempre e continuará a influenciar gerações e gerações de músicos. Actualmente podemos sentir essas influências em nomes The Weeknd, Bruno Mars, Justin Timberlake, Lady Gaga e Janelle Monáe.

O Rei morreu, mas ficou a lenda. Michael Jackson. Para sempre!

Regresso no próximo mês, até lá, não se esqueçam de ouvir boa música…