Nem tudo o que brilha é ouro (2ª Parte) – Teresa Isabel Silva

Já são mais do que velhas as lamentações dos funcionários contra os patrões. Por isso é que, para embelezar a questão, os próprios patrões abandonaram o termo de funcionários para adoptar o nome de colaboradores. Isto tudo para dar uma falsa ideia de que existe igualdade.
Mudam-se os termos mas não se mudam as vontades. Mas a verdade é que muitas vezes o mau ambiente que se vive no local de trabalho não vem dos chefes hierarquicamente superiores, mas sim dos “chefinhos” ou pseudo chefes que mandam num pequeno território.
Esta nova espécie de chefes é famosa por dominar um pequeno território. Tal como os leões defendem-no mas não para proteger os outros, mas sim o seu posto. Acho que é por isso que se diz que os empregos são uma selva. Os colaboradores são apenas meras gazelas, contratadas para satisfazer os desejos dos leões.
Estas pobres gazelas ou colabores, são as primeiras a sofrer a fúria dos leões, as únicas que funcionam como carne para um canhão, as primeiras a ser comidas vivas e claro a serem dispensadas.
Num trabalho que funciona por equipas, quando uma equipa falha é má, quando a equipa seguinte falha é porque existiu um erro, quando a terceira equipa falha a culpa é do recrutamento. Mas se todas as equipas que chegam falham e se o ambiente é mais corrosivo do que hiroshima não será culpa da chefia?
Infelizmente é sempre mais fácil culpar o elo mais fraco. E por mais fraco entendem-se os colaboradores que assim que assinam um contrato passam a gazelas que não tem como se defender do rugido sonoro do leão.
Numa época em que a lei está em tudo a favorecer o patronato, não será de admirar que depois de convertidos em gazelas os colaboradores passem de desempregados a escravos.


Nem tudo o que brilha é ouro, mas a verdade seja dita, os escravos sempre gostaram de coisas brilhantes…

Crónica de Teresa Isabel Silva
Crónicas Minhas