O Maior Problema de África, Amílcar Monteiro

África. O berço da Humanidade. Terra de mil cores, mil cheiros, mil sonoridades, enfim, mil sensações. Apesar de todos os seus factores atractivos, África depara-se com uma catadupa de problemas, como pobreza, doenças e fome. Em termos da fome – e só para verem a gravidade do problema – eu soube no outro dia que, no Darfur, é hábito os pombos poisarem nos bancos de jardim e atirarem pão às crianças.

Mas estes problemas já todos nós conhecemos.  No entanto, existe um problema muito mais grave a que toda a gente parece fechar os olhos. Um problema que tem sido constantemente abafado pela comunicação social de tudo o mundo: as moscas.

Em todas as fotografias e filmagens de África que nos são dadas a conhecer, aparece sempre alguém com moscas à volta ou poisadas na boca. Mas nunca ninguém fala disso. Como é possível que ninguém aborde esta problemática? É que aquilo é uma praga de moscas de proporções bíblicas.

Fome? O Banco Alimentar envia alimentos para as zonas problemáticas. Doenças? Os Médicos do Mundo e a AMI tratam disso. Então e as moscas? Quem é que combate o flagelo das moscas? Não existe uma única organização que envie insecticidas para África, ou que promova a implementação comunitária de mata-moscas nas aldeias africanas. Como podemos ser tão cruéis e insensíveis? É que a mosca é um bicho que chateia.

De certeza que o leitor já passou pela incómoda experiência de estar a comer uma refeição e ter uma mosca a zumbir por cima do seu prato, sendo preciso que esteja sempre a afastá-la. Pois agora, multiplique essa mosca por quinze e imagine-as a sobrevoar o bago de arroz daquela inocente criança do Mali. É desagradável… É uma refeição que fica logo estragada.

E depois , não nos esqueçamos, os problemas não existem de forma isolada. A combinação dos problemas tem implicações muitos mais sérias. Implicações genéticas, por exemplo. Não sei se o leitor tem conhecimento – eu vi outro dia num documentário da TVI – mas por causa da fome e desta questão das moscas, em determinadas zonas de África, já estão a nascer crianças com línguas de sapo, só para se conseguirem alimentar.

E depois tudo isto é uma bola de neve: porque toda a gente sabe que uma alimentação á base de moscas engorda bastante – especialmente se forem  varejeiras, que é um bicho cheio de calorias. E é por estas e por outras que depois se vêem miúdos, ainda pequeninos, mas já com panças monumentais.

Crónica de Amílcar Monteiro
O Idiota da Aldeia
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