Peço Desculpa!

– Peço desculpa!
– Porquê?!
– Porque é fixe! Porque está na moda. Porque agora todos os famosos pedem…
– Isso é parvo!
– Pois é! Peço desculpa!

Este mês na rubrica, “C’um Catano!”, irei abordar a mais recente moda da actualidade: os pedidos de desculpa públicos!
E só por isso, quero desde já pedir-lhe desculpa por não termos publicado o Magazine MaisOpinião no mês passado. A culpa não foi minha mas eu peço-lhe desculpa à mesma: desculpa, desculpa, desculpa…

Ahh! Que bom… Que alívio! Já não pedia assim tantas vezes desculpa, seguidas, desde os meus tempos áureos de juventude. Mais especificamente desde os meus tempos áureos de juventude, quando fazia porcaria e a minha mãe descobria!

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No entanto tenho que lhe dizer que esta moda faz-me um pouco de confusão. Vídeos de pessoas a levar com baldes de água fria, pela cabeça a baixo… Tudo bem;
Enchentes de fotos de infância dos nossos amigos… É giro, é fofinho;
Fotos de pessoas todas esticadas, como se fossem pranchas, em tudo quanto é sitio… É estúpido mas engraçado;
Agora, ir para a televisão ou para o Facebook, pedir desculpas publicamente pelas asneiras que cometeram?! Pff, sinceramente… Isso é do pior que pode haver! Ó meus amigos, os meios de comunicação não foram inventados para esse fim… Deixem-se disso!

desafios

Eu ainda sou do tempo que pedir desculpa era um sinal de arrependimento. Eu só pedia desculpa quando realmente achava que tinha errado. E, se por ventura, alguma parte do meu ser achasse que a culpa não era minha, nunca na vida me arrancariam tais palavras da boca! Nem à pancada, quanto mais! Até porque normalmente a resposta que eu ouvia (e detestava) quando pedia desculpa era: “As desculpas não se pedem… Evitam-se!”

Mas hoje em dia as coisas já não são bem assim. A desculpa deixou de ser uma palavra com um peso importante para passar a ser mais uma palavra insignificante. O pedido de desculpas, hoje em dia, é o equivalente à carta do monopólio «Saia livre da prisão», adaptado à vida real. Ora vejamos…

Nuno

– O Ministro da Educação e Ciência (Nuno Crato): fez uma borrada tremenda na colocação dos professores este ano. O que é que ele fez? Isso mesmo: foi para o Parlamento pedir desculpa pelos erros cometidos, na elaboração da fórmula para a colocação de professores. E pronto, já está! Com um simples pedido de desculpa safou-se da porcaria que fez sem sequer ter de se chatear muito com isso. (É que nem um puxão de orelhas levou… )

paula

– A Ministra da Justiça (Paula Teixeira da Cruz): veio a público pedir desculpa pelos transtornos causados, resultantes dos problemas detectados na plataforma informática – CITIUS – e bastou-lhe garantir que iriam ser apuradas as responsabilidades para se escapar ilesa! (Hãm, hãm… Mais depressa eu, que não sei cozinhar,  consigo apurar o jantar do que ela vai apurar as responsabilidades…)

Ricardo

– Ex/Novo jogador da Selecção Nacional (Ricardo Carvalho): foi para a comunicação social pedir desculpa pelo o erro que tinha cometido em 2011, quando abandonou o estágio da Selecção em Óbidos. Ora portanto ele aborrece-se com o Paulo Bento, vai-se embora e agora como o Paulo Bento já não está lá, basta-lhe um pedido de desculpas ao novo seleccionador e ele está de volta? Ai isso é assim tão simples?! Então se por ventura algum de nós ‘limpar o sebo’ ao Passos Coelho e depois for pedir desculpa ao novo Primeiro-Ministro fica tudo resolvido? (Hum… Muito me contam… Parece-me uma excelente ideia.)
Mark

– Mas as desculpas não ficam por aqui… Mark Zukerberg, o fundador do Facebook. Achou por bem que a partir de agora só se pudesse ter uma página no Facebook desde que utilizássemos o nosso nome verdadeiro. Uma excelente medida, que tinha tudo para correr bem, não fosse o facto de haver milhares de Transexuais, Travestis e outros que tais, com nomes artísticos tão variados como: “Gina Lolobrigida”, “Valkiria Mamalhuda” ou “Kiko Bonitão” no Facebook. Conclusão: Todos eles viram o seu perfil banido. Ai Mark, Mark, o que foste tu fazer, rapaz?! Então agora?!

Agora?! Agora é simples: PEDE-SE DESCULPA!! Mark pediu desculpa à comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgéneros), disse que tinha havido um mal entendido, e que afinal de contas o que não se pode usar no F.B. são alcunhas esquisitas… Se for o nome que eles usam no dia a dia não faz mal. Nem que seja “Luana Bruaca de Jesus no Bumbum”. O que importa é que eles (ou elas) se identifiquem assim na sua vida diária.
(Só aqui para nós, que ninguém nos ouve, ou lê, cá para mim o Zukerberg teve foi ‘miáufa’ de ver a sua casa invadida por uma série de transexuais, Travestis e Transgéneros…)

E pronto, por hoje ficamos por aqui. Espero que tenha gostado. Mas, se por ventura não gostou, olhe… “Peço desculpa!” “EH! EH! C’UM CATANO!”

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Artigo de Gil Oliveira